sexta-feira, 26 de junho de 2009

Intertexto e cultura no funk brasileiro contemporâneo

Intertexto e Cultura no Funk Brasileiro Contemporâneo
(Atenção às notas de rodapé)
Erick de Schehenbauer (1)

1 – Introdução:

O funk é um estilo surgido nos Estados Unidos por volta da década de 1960, e suas origens diferem profundamente do funk brasileiro dos dias de hoje. Baseado inicialmente nas músicas Soul, Jazz e R&B, o funk cresceu em influências e pode ser considerado, hoje, o maior exemplo de cosmopolitismo musical do Brasil e, ousaria dizer, da América Latina. Um pensador contemporâneo o define como “Funk significa Pânico!” (SOBRAL, J. 2008), e o emérito e bonito pesquisador Waldyr Imbroisi o chamou de “Dança de acasalamento urbana” (IMBROISI, W. Não publicado ainda...)(2)
Reconhecemos antecipadamente a impossibilidade de mapear assunto tão amplo e tão aberto a areas de pesquisas como esse. Nossa intenção é puramente ressaltar alguns dos pontos mais notórios dessa arte, de modo a produzir um pequeno roteiro para o estudo do tema.

2 – Influência Latina:

A influência do texto e da cultura latinas é evidente no funk contemporâneo do nosso país, destacando-se a clara apropriação do estilo de Cícero. Em muitos casos, notamos um resgate filológico que subverte formas já canonizadas de verbos e permite à criação poética uma liberdade muito maior. Em Dança do Créu, o MC homônimo se utiliza desse recurso de forma magistral.
A palavra Créu vem do latim creo, -as, -are, -atui, -atum, que significa produzir, fazer crescer, criar, causar (DÉBORA, 2009)(3). No texto de MC Créu, a criação (feita por ele mesmo) se processa em ritmo cada vez maior, de forma cada vez mais vertiginosa, como se o processo criativo não pudesse se conter com uma única velocidade – assim que liberta, a inspiração se multiplica mais e mais, e permite que a criação seja feita em até cinco velocidades diferentes. Alguns críticos literários chegaram mesmo a supor que o eu lírico da canção fosse o próprio Deus, e as velocidades ascendentes representassem os dias que ele levou para completar a criação. A ausência dos dois últimos dias, em que ele criaria o homem e, enfim, descansaria, ainda é um mistério e é matéria de discussão entre os críticos (CALVINO, 2001)
O texto da Dança do Créu traz ainda uma advertência: O processo criativo não é para qualquer pessoa, exigindo dedicação e habilidade:
“Prá dança créu
Tem que ter disposição
Prá dança créu
Tem que ter habilidade
Pois essa dança
Ela não é mole não” (CRÉU, 2007)

Outros exemplos claros do uso de palavras latinas são Chatuba (Chatuborum, Gen. Plural de Chatubus), Bonde (Bonitas, -atis: de boa qualidade) e Pirigueti (derivado da expressão idiomática Chuta qui macumborum est).

3 – Profundo culto à forma

Assim como grandes escritores como Eça de Queiroz e Olavo Bilac, o culto à forma faz parte da escola funkista de poesia. Contudo, como toda escola revolucionária, o funk traz inovações nesse sentido, substituindo o apreço pela forma poética pelo culto à forma do corpo da mulher “amada”. É necessário tomar cuidado para não cair em um simplismo hedonista: o funk vai muito além de simples desejo carnal, sendo esse apenas possibilidade de sublimação – o que aproxima o funk do ideal pagão medieval, retomando os rituais em que se podia alcançar o sagrado por meio da realização sexual.
Um exemplo claro está na música Pernão Sarado, do MC Márcio G:
“Pernão sarado
Barriga de tanquinho e aí
Quebra miudinho, vai quebra miudinho
é carabina dona do meu coração”(G. M.)

O fato de o homem dirigir-se à mulher diretamente mostra o carinho e o amor que tem por ela. Indo de encontro ao hediondo costume moderno de falar do corpo da mulher de forma desrespeitosa e vulgar, cultivado entre os homens de nosso tempo, G. Valoriza a mulher e sua recepção, entregando-lhe a declaração maior de afeto. A mesma preocupação pelo universo feminino se afirma em Marcinho:
“Glamourosa, rainha do funk
Poderosa, olhar de diamante
Nos envolve, nos facina, agita o salão
Balança gostoso, requebrando até o chão” (MARCINHO, MC).

Com uma lírica que é um profundo misto entre o amor trovadoresco presente nas cantigas de amor, o romantismo puro e doce que evola dos palatos de Fagundes Varela e Álvares de Azevedo e uma retomada da concepção grega de ideal da beleza e do corpo, o funk consegue fazer com que sintamos as fímbrias mais íntimas do ser. A mulher deixa de ser objeto de comentários para ser a receptora de todas as belas palavras que há para ela. Reverberando a herança da Languedócia, esses geniais autores são capazes de refletir um mundo, uma poética, uma forma de vida que ainda não está consolidada, mas se reafirma a cada vez que uma dessas canções pode ser ouvida.

4 – O advento da nova forma estilística:

A forma é uma das características que mais encantam nessa nova geração poética:
“Rap das Armas
Parapapapapapapapapa
Paparapaparapapara clack bum
Parapapapapapapapapa

Morro do Dendê é ruim de invadir
Nois, com os Alemão, vamo se diverti (Rima de verbos com mesma terminação.... Rima pobre.)
Porque no Dendê eu vo dizer como é que é

Aqui não tem mole nem pra DRE
Pra subir aqui no morro até a BOPE treme
Não tem mole pro exército civil nem pra PM
Eu dou o maior conceito para os amigos meus
Mais Morro Do Dendê Também é terra de Deus” (CIDINHO & DOCA)

Nota-se a ausência de uma prisão formal: tudo pode, tudo é permitido, tudo é lícito na nova criação. As rimas são normalmente emparelhadas, e a escanção é improvável ou impossível de ser feita sem acompanhamento musical. Impressiona aos críticos a capacidade dos funkistas de aglutinar até três sílabas em uma única sílaba poética, desafiando as leis da fonética e da moral e dos bons costumes (LEITE, Y., CALLOU, D. 1997).
São marcas patentes a preferência pelas rimas pobres, a subversão da concordância verbal, nominal, moral, pessoal e animal, a desveiculação da flexão de plural estática –s e, sobretudo, a presença de refrão, recorrente nas poesias do movimento.
Embora sejam aparentemente incompreensíveis, os refrões sempre têm algo revelatório: em Rap das armas, representa-se o som de armas inexistentes, posto que nenhuma no planeta terra faz tal barulho. Isso pode ser interpretado como um pedido por paz, um manifesto contra a violência.
Em Pirigueti, famosos filósofos e filólogos tem convergido em supor que o refrão “Piri pipiri pipiri piri piri pirigueti” tem origem indo-árabe-siamesa, e remonta à mesma idéia de paraíso que influênciou o Shangri-lá, os Campos Elíseos e, de certa forma, até mesmo a concepção do céu cristão (COUVES, Z. 2001). Em Tremendo Vacilão, da incrível Perlla, temos “Tirap Tchoron! Tirap Tchoron! Oh! Ah! Oh! Ah!”, trecho de impossível transcrição fonética, que está na lingua Guapta, idioma falado pelos habitantes de Ikehon no livro A fantástica batalha entre um e outro, de Pedro de Alcântara, que nunca chegou a ser publicado.
A repetição é usada pelo funk como lembrete e aviso: É necessário repetir muito nos dias de hoje para ser ouvido(4). A recorrência dos mesmos benditos versos várias vezes é uma espécie de catequização: O funk também tem uma função transformadora da sociedade.

5 – Um novo léxico para um novo mundo:

Uma das maiores influências do funk nos tempos modernos é o grande léxico criado e divulgado por esse estilo. Em grande número, notamos o uso dos adjetivos bolada (Antes usado para se referir a um golpe recebido com uma bola), Pirigueti, Alemão (não, não é o cara nascido na Alemanha, mas sim uma retomada à fúria contra o nazismo e a opressão, representados pela Alemanha da segunda guerra), e glamourosa, que ganha novo significado na poesia funkista. Além destes, novos palavras e novos sentidos para palavras já usadas florescem, como em Late que eu tô passando (em que, visivelmente, late não significa o som feito pelo cão) e e Guabetona, na música pirigueti (que não significa nada).
Essa riqueza permite uma multiplicidade de interpretações e de utilizações dos vocábulos. Muito mais do que o Modernismo no Brasil, o funk vem para remodelar o vocabulário nacional.

6 – Conclusão:

Ao contrário do que se pensa, o funk não é um estilo degradante que incita, puramente, os desejos sexuais. Há trechos que mostram exatamente o contrário disso, como em “Máquina de sexo, Eu transo igual a um animal”, de Chatuba de Mesquita. Obviamente, quer-se dizer que o objetivo do sexo para o ideal funkistico é unicamente a procriação e nada mais.
Esta nova escola retoma de forma extremamente concisa tudo o que já foi arte até então, e dá um rosto próprio a um estilo que será estudado, tenho certeza, como um divisor de águas na história. Ao lado dos grandes nomes como Drummond, Bandeira, Camões e outros, irão figurar eternamente grandes homens e mulheres como Tati quebra barraco e seu fogão, a Gaiola com suas popozudas, Mr. Catra com seu Red Bull e, por fim, MC Marcinho com alguma outra coisa.

(1) Pseudônimo utilizado por Waldyr Imbroisi, graduando do curso de letras pela UFJF.
(2) Lembrem-se que estou escrevendo com um pseudônimo, então, posso falar bem de mim sem ser metido.
(3) Ao contrário do que se pensa atualmente, o verbo creo não deu origem apenas ao nosso criar, mas também a créu e, possivelmente, a creolina, remédio usado para matar lombrigas até a metade do século XX.
(4) Para maiores referências, consulte Em terra de surdo ninguém me entende porra! De Ivanun Caprendí Libras.

BIBLIOGRAFIA:
Funk, etmologia e jurídica: reflexões avulsas. Débora não sei o sobrenome, 2009, ed. Bambuluá
Presente para inimigo oculto. Waldyr Imbroisi, ainda não publicado.
Introdução à fonética e fonologia. Dinah Callou e Yvone Leite. 1997.
Piparapiru, onomatopéias sagradas. Zé das Couves. 2001, ed. Ponta de Aterro.
Livro dos segredos. Manél Calvino, 2001, ed. Toba ardente
O que é funk. Pergunta feita no Yahoo! Groups, respondida por José Cabral.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Visão...

Não. Eu não sou o que pareço ser. O que você olha e vê e sabe que sou eu é uma imagem – uma interpretação. Sua visão. Umas construção que só seus olhos podem apreciar. Se mentira, se verdade, não sei. Conceitos muitos duros para mim.
Uma máquina de sorrisos e bons dias que esconde elegantemente a morbidez dolorosa que está lá dentro, onde se corrói com austeridade. Ele acredita que sempre irá suportar. Isso não se vê, se sente ou se adivinha – até porque adivinhá-lo pressuporia crer que isso existe (ou aceitar esse fato), e, inevitavelmente, estar sujeito ao insano risco de encontrar o mesmo em si.
Melhor não. Melhor continuar com a interpretação já consagrada e realidades construídas com mais condescendência. Afinal, qual “realidade” pode ser chamada assim? Qual não é uma mera – MERA – construção, simplesmente revestida pelos olhos de quem quer ver? Aquele mendigo... Um vagabundo ou um trabalhador maltratado pelo destino? Como você sabe? Porque você respondeu isso? Conhece sua vida, escutou a opinião de alguém ou está embasado de um ideal religioso? Sabe como é viver daquele jeito? Seu pai te estuprava ou sua mãe te batia?
Deus existe? Como sabes? Alguém te contou. A religião te mostrou. O Espírito Santo te tocou. Será que isso não aconteceu porque no nosso universo de construções, essa era uma “realidade possível”? Não acontece porque parece possível, porque há material que torne isso plausível? Quem te criou, e como foi??? Não faz sentido sem Deus porque ninguém te mostrou como seria sem ele. Você não leu Nietzsche ou Sartre ou Freud para ver como “o homem é” – e nem eu. Mas eu sei que eles estão lá. Existem. E o homem que hoje fala de Deus com toda a pureza pode ser um coitado envolvido por uma profundamente arraigada mentira social, inconsciente, vítima de complexas redes da própria cabeça malcuidada que descarregam-lhe loucuras na biologia do corpo. Êxtase religioso em endorfina. Ou pode ser alguém que se entregou verdadeiramente a Deus, abençoado semeador de luz, que encontrou onde se apóia o verdadeiro sentido da vida e está em busca de fazer nascer, em si e nos outros, a verdadeira felicidade. Que olhos estão vendo agora?... Mas, se você olhar, sempre, de um único modo, se nunca tentou encarar as pupilas opostas, ou não conheceu ou viveu suficiente para ver o outro lado, não se vê nada. Alguém(s) vê por você.
Talvez o homem seja realmente produto do meio até admitir que o é. Então passa a buscar liberdade. Daí para frente ainda não sei como é...
Mas eu não sou o que você acha que enxerga. O lado de fora é sempre paisagem de filme, a dar margens a lindas interpretações. O outro lado escreve, e talvez por isso seja de verdade. Enquanto primeiro vai se perdendo na incontável vastidão dos dias, e segundo se eterniza, com gosto de fome na boca.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Sem título...

A noite mansa e agradável deixava o calçadão com a rara beleza de um verão fresco. No ar, o cheiro de pós-chuva fazia bem a quem sabia senti-lo. A velocidade tresloucada com que as centenas de transeuntes cruzavam aquele pedaço da cidade todos os dias os impedia de, hoje, perceberem dois vultos caminhando entre eles em busca de algo mais que comida ou dinheiro, talvez atenção.
- Nos somos dois irmãos que viemos andando do Rio até aqui, minha senhora... – Dizia um homem negro, de barba rente ao rosto e agachado no chão. Ao seu lado erguia-se um imponente cão vira-latas, eminentemente branco e com manchas marrons pelo corpo, os dois ligados apenas por uma coleira que haviam ganhado noite passada de um senhor de meia idade. Vieram sozinhos a uma cidade desconhecida, em busca de oportunidades melhores e de uma vida nova, longe de uma violência que se acostumaram a evitar de perto. Por horas a fio, pediram algo que os pudesse ajudar no sustento do corpo e os mantivessem de pé até o dia seguinte.
As suas costas se encontram à porta de uma loja quando eles se sentam para descansar. Analisando o que tinham recebido, contou dois reais e trinta e cinco centavos, um vale transporte, uma bananada, biscoitos e um sanduíche feito pela mãe de algum aluno de ensino fundamental, renunciado carinhosamente. O homem acariciou atrás das orelhas de seu companheiro e abriu primeiro o sanduíche para dividirem. O dinheiro ficaria guardado, para garantir o almoço do dia seguinte. Ingeriram rapidamente o pão e os biscoitos juntos, mas o doce o homem comeu sozinho – O cão havia tomado remédio para vermes há poucos dias, e não lhe parecia conveniente dar-lhe bananada logo depois disso.
Não estavam satisfeitos, mas o alimento que ganharam fora suficiente para enganar o estômago até o dia seguinte. Amanhã, outra luta começaria. Deitaram-se lado a lado, sem saber o horário em que a loja abriria – o que podia lhes possibilitar problemas pela manhã. Abraçados, homem e cão adormeceram, guardando um exemplo de carinho que, aos outros, dava asco de ver.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

SNOWBOAAARD! Y OTRAS COSITAS MAS

Jackson Hole, Elk Country inn – casa de amigas peruanas, escrevendo no computador alheio enq uanto todos dormem ou tentam dormir.

Boa noite, minha gente querida que em breve eu vou ver de novo =)!!! Bem, esse post seria para contar como foi meu primeiro dia de snowboard, mas antes preciso colocar aquí algumas coisas dignas de nota que esqueci de por no post pasado…
(Se alguma coisa estiver escrita de forma esquisita, por favor, relevem, pois este Word esta corrigindo as palavras para espanhol e nao tem acento nesse notebook… Bem, todos vamos sobreviver a isso)
Primeiramente, raspei a cabeca. Isso ae. Meu cabelo estaba ficando insuportavel, e Tininha me pediu para corta-lo antes de eu voltar… bem, um corte de cabelo aquí custa 20 DOLARES NO MINIMO, normalmente 25… entao, peguei a maquininha do Pedro e fui sozinho pro banheiro, sem avisar ninguem para que nao me desencorajassem. Bem, a maquina tinha seis tamanhos, mas estaba meio frouxa… o animal comecou no seis, e de repente a maquina me desce pro 4. Ok, ta bom…. Estaría otimo se alguns segundos depois nao descesse pro 3!!! )Ok, ok, muita calma nessa hora… Tudo vai dar certo. E so o burro do Waldyr nao fazer um camino tenebroso na parte esquerda do cranio com o numero 2!!!
Desisti. Era noite, e passei o dia seguinte de toca. Mais feio que vira-lata atropelado… Depois o Pedro acertou ele para mim – entao, sou um careca de maquina 2.
Ok, mais uma novidade: pintou um mexicano la em casa junto com o seyfur, o peruano. O coitado estaba louco para voltar pro mexico, mas sempre que ir pegar o onibus, o bendito nao passava... e ele nao falava uma palabra de ingles! Sente so o itinerario do caboclo? Jackson – idaho – Salt Lake City – Denver – Cochabamba – um lugar que esqueci – cidade do mexico!!! Tudo por terra, porque o infeliz nem tinha passaporte… Quando ele me contou isso, tadinho, a gente ligou para empresa de onibus e descobriu que ele tinha que ligar e “reservar” o lugar, porque se ninguem reservasse, o onibus nem saia. Como que ele ia fazer isso sem falar nem “can you tell me…?”. Pois bem. O maluco foi-se no onibus de 3 horas daquele dia. Se Deus quiser, daqui a pouco tah no mexico com a familia =).
Comprei um mp3 (acho que jah contei isso)modelo fucked and simple, recarregavel. Infinitamente satisfatorio – trabalho parte do dia ouvindo música! Limpar banheiros ao som de Rappa e emocionante, uHAUhauHAUHuah.
Fui, pela primeira vez, na festa latina que acontece todas as tercas feiras aqui… eu era um dos muito poucos que jamais tinha ido. Gostei muito! Nao sabia dancar nada e fiquei balancando igual idiota… ri bastante, me divertí. Fica um trechinho de uma música aquí: “Por que yo no quiero trabajar / no quiero ir a estudiar / no quiero me casar / quiero tocar una guitara todo el dia / y que la gente se enamore de mi voz”. Bem, eu devia ter 21 anos para entrar, mas nada que duas copias de um passaporte com um setezinho colado estratégicamente nao possam fazer =)
A mina amiga americana (Whitney) me ensinou a fazer cookies! Caraca, QUE DELICIA ESSE COOKIE QUE ELA FEZ! Eu lembro e me da agua na boca… Um dia ensino para voces, ta? Hehehehe.
Vamos ao snowboard entao, uai? Para quem nao sabe o que eh isso, faz o seguinte: Imagina um morro. Agora, cobre ele de neve, Poe o Waldyr no alto dele com uma prancha presa – bem presa – no pes e solta ele morro abaixo. Isso e snowboard.
Fui com o Valentin, o front desk atenddant romeno do nosso hotel, dois brasileiros que vieram aquí so para esquiar e alguns que trabalham no mercado aquí do lado. Esses últimos me deram uma super aula inicial que me ajudou muito! Quando eu estaba subindo pelo lift, sentadinho, com o snowboard preso num pe so, estaba uma pilha. Queria fazer logo!!! Descendo do lift, obviamente cai (cai nas 4 ou 5 primeiras vezes…). E ent’ao iniciou-se uma serie de belas quedas…
Vei, no inicio achei que eu nao ia aguentar… eu estaba forcando muito o joelho, e fiquei com medo de estoura-lo. Desci a primeira vez mais caindo que tudo… os brasileiros me ensinando, o Rodolfo quase uma mae =). A segunda comecou a melhorar, a assim foi ate que aprendi a ir descendo de um jeito e freiar, descendo de um jeito e freiar. Tenho que aprender a descer fazendo curvinha, e pretendo faze-lo esta terca.
Um comentario: E MUITO BOM FAZER SNOW BOOOOARD! Perfeito! Descer livre, sentindo o vento gelado no rosto, mudando o peso do corpo pra fazer curvas, pequenos detalhes decidindo se voce vai cair ou ficar em pe… Delicioso. Cai infinitamente, mas isso e muito normal. Arrebentei as coxas, os bracos e o lado direito do abdomen – sem falar n abunda, que doia mais que tudo. Hojea inda doi um pouco, mas nem e grandes coisas!
Eu cai de peito, de costas, rolando… capotei, quase atropelei cidadaos americanos, tentei cair rolando (igual no kung fu) uma das primeiras vezes e percebi que com uma prancha enorme no meu pe isso e impossivel. Mas perfeito… Nao consigo parar de querer mais. Farei de novo terca e quinta.
O melhor foi: meu trabalho me da o passe de graca, o passe de onibus pedi emprestado, improvisei o casaco, a prancha de snow o Alexis (peruano) me emprestou, pequei luvas e calcas emprestados tambem, o Valentin pagou meu almoco para mim… so tive quealugar as botas =). Da próxima vez, vai ser no mesmo esquema, mas eu vou comer o paozinho que eu vou levar.
Comecamos as 9 e meia mais ou menos e paramos 4 e quinze – so porque fechou tambem. Por nos, ficariamos o dia todo… Ainda que querbrado, parecía que nao podíamos deixar de querer mais (ta certo que teve uma vez que eu comecei a descer e pensei: nao vou tentar fazer gracinha nenhuma agora, porque mina bunda napo aguenta mais ficar caindo… mas acabou que eu continuei a tentar fazendo e acabei com meu cóccix.)
No final, tomamos um chocolate quente e voltamos… Fiquei contente, o pa! No onibus, sentía o remelexo da prancha… sentí a bota nas pernas ate umas 10 da noite. Quero ir de novo…
Isso e delicioso. Meio que nao tem como explicar… talvez ande de skate ou surfe sinta algo parecido, mas olhar a montanha na sua frente, ver a pista cercada de arvores, descer sentindo o ar congelante de um país a menos de zero… Isso e perfeito…
Enfim, deixa eu parar antes que a Carol reclame que eu posto coisas muito grandes de novo UAHUhauHAUhauAH (PIOR QUE E VERDADE!).
Eu AMO voces! Saudades tao grandes…
Em breve, bem em breve nos vemos!
Fiquem com Deus, e ate logo!
Grande beijo!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA DO POBRE J1 TRABALHADOR DE JACKSON

- COMO PAGAR O MÍNIMO POSSÍVEL...
Bem, meus amigos, este é um manual para aqueles que, quebrados como eu, precisam sobreviver na selvagem Jackson Hole – Wyoming, USA. Aqui vão dicas importantíssimas:

COMIDA:
Comida é algo de absoluta importância... por isso, prestem muita atenção:
CAFÉ DA MANHÃ – A HORA MAIS IMPORTANTE DO DIA: Se você não vive no The Point, hotel, nem em nenhum lugar que tenha café da manhã, você precisa dar um jeito de conseguí-lo. Isso significa: Apareça antes das 9 e meia da manhã e coma como se você morasse no lugar. Se você conhece hóspedes, descubra o horário em que tomam café e acompanhe-os. Satisfação garantida, ou seu dinheiro de volta =). DICA IMPORTANTE: Compre 2 potes por 1 dólar no Dolar Tree, e encha de donuts, muffins, pão, requeijão e manteiga. Isso pode te garantir seu almoço, seu jantar, seu lanchinho... DICA IMPORTANTE 2: Se você tiver os esquemas NIN JAS, você conseguirá “apropriar-se indevidamente” de cereais, leite e suco do The point fora do horário de café. Maiores detalhes, contate 7330033 – Room 214.
ESQUEMAS DO COWBOY, ANTLER, ALPINE, ETC – Esses hotéis são “hotéis irmãos”, todos da mesma dona. Se você trabalha em um deles, pode usar as coisas do outro. Isso te permite entrar em qualquer um deles e tomar um chocolate quente, sabendo que se te perguntarem você somente precisa contar que trabalha no outro =). DICA QUENTE: No hotel Cowboy Village tem cookies grandes e deliciosos, maçãs, chocolate quente, suco de maçã e de uva, e quando a sorte bate, até mesmo bananas. Esse é o melhor pra ir comer.
ESQUEMA DO PÃO DO ALBERTSONS: Se você tem amigos no Albertsons, supermercado, peça a eles que te guardem cupons de pães grátis. Às vezes alguns cupons saem sorteados, mas os fregueses NUNCA levam os cupons, e fica pra galera. Na teoria, você deve ligar pra um número qualquer e ativar seu cupom, mas na prática simplesmente coloque 5 números aleatórios no cupom e aproveite um enorme pão francês =).
ESQUEMAS DAS “PROVADINHAS”: No Smiths e no Albertsons, você pode provar algumas “especiarias” sem pagar. Claro que é só um pouquinho, mas um amendoinzin ou uva passa caem bem às vezes.
ESQUEMA DO TETON VILLAGE – TERRA: Para almoçar de graça no hotel terra, basta que você seja cara de pau. Chegue em Teton (mais detalhes de como ir sem pagar à teton nos próximos capítulos), e vá para o hotel Terra. Entre pela porta dos empregados e desça as escadas. Aproveite e almoce. Não fale com ninguém. Não faça isso mais de 3 vezes na semana.
ESQUEMA DO REFRIGERANTE REFILL: Se você não agüenta mais comer as coisas supracitadas e vai a um fast food com um amigo, nunca compre mais de um refrigerante. Ele pode ser reenchido infinitamente sem precisar pagar mais... Ou seja, quantas quiserem bebem em um único copo (mas seja discreto ao fazer isso...)
ESQUEMA DA IGREJA EPISCOPAL: Não apele. Só use esse esquema se o negócio tiver feio mesmo. A Igreja episcopal dá comida por três vezes a qualquer pessoa, desde que mostre o passaporte. É comida boa, gostosa, mas só se pode ir lá três vezes...
Com isso, pode-se comer a vida toda sem pagar. Mas, se seu estômago pede algo mais, seguem algumas sugestões:
MIOJO: Compre seis por 1 dólar. O de frango é o melhor, o de camarão é péssimo...
HOT POCKET: Pequenos “sanduichezinhos” que você faz no microondas. São baratinhos e valem à pena.
CHOCOLATE: Compre no Smiths, sem dúvida, as barras enormes da Hershey por 1 dólar.
ESQUEMA DOS AMIGOS: Um amigo que trabalha onde vende-se comida sempre vai ter comida pra você... =).
OUTROS DETALHES IMPORTANTES (PERCEBAM QUE A COMIDA É MAIS DA METADE DO TEXTO...)
HOT TUBE: Você pode entrar em qualquer lugar, especialmente o The point, e usar a hot tube “de grátis”... vale a pena!!!
ACADEMIA: Aproveita a academia do COWBOY VILLAGE! Use o mesmo esquema para entrar, responda a mesma coisa se for perguntado.
NÃO PAGUE PELO ÔNIBUS PARA TETON: Peça a qualquer amigo que trabalhe em Teton Village seu passe de ônibus no dia em que ele estiver de folga. Essa técnica deve ser usada em COMBO com a do almoço em Teton de graça.
INTERNET: Quase qualquer hotel daqui tem wireless, e um computador para os clientes. Levando em consideração que ninguém sabe quem são os clientes, a internet fica infinitamente liberada.
LAVAR A ROUPA: Descubra um amigo que trabalhe em um hotel e tenha lavagem de graça, ou alguém que more em uma casa. =)
PASSE PARA FAZER SNOW: Se você tem algum amigo que trabalha em algum ligar que libera passes para esquiar/fazer snowboard, você pode pedir que descole pra você. CUIDADO! Esse esquema nunca foi tentado, porque eles pedem o nome às vezes para ativar o cartão. Pense bem antes de fazê-lo!!
ROUPAS: Tem dois brechós aqui que vendem roupas MUITO baratas! Calças a 3 dólares, casacos, a 5, 10... Camisas então, são quase de graça!

Bem, pessoal, acho que é isso. Qualquer dúvida de como conseguir algo pagando o mínimo possível, eu saberei responder, ehehhehehehe .

PRÓXIMO POST! Vou contar como foi o primeiro dia de SNOWBOARD do Waldyr! ahuUHAUhauHAUhuah
FODAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Beju grande!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

vale...

Mi corazon calato
no se puede ser leido
por nadie...

Pero por mi.

Me quedo ciego
querendo ser sordo y
fingindo ser burro,
Porque ser burro es mejor que ser yo.

Deseos me palancan - me quiero atar
... No, no me quiero.
Tengo miedo de vivir otra vida.
Pero ya... muy tarde para mi.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Uma mais!

Buraco do Jackson (Jackson Hole), 16 de fevereiro de 2009. The point Inn, Rosita’s living room. (chama assim porque uma menina chamada Rosita nos disse: “ese és mi living room!”

Caramba, quantas novidades...
Saudades supremas de todos, e muita coisa pra contar. Vou tentar começar devagarinho! Resumo dos empregos: No Taco Bell, contrataram uns americanos e estou trabalhando pouco de novo, heheheh... No Antler, as coisas vão infinitamente bem.Descobri que a dona, que é um docinho, tem 78 anos e trabalha naquele hotel há 50... Meu Deus! Hehehehe... As coisas vão bem. Deus é bom =)
Estarei chegando no meu país querido entre 8-12 de março. Não vejo a hora de chegar logo...
Enfim, às notícias! Terça feira agora fomos a IDAHO FALLS, uma cidade aqui perto pra comprar coisas. Alugamos um carro, 7 brasucas malucos e felizes. Ida ao som de los hermanos, Zeca baleiro, por aí vai... Volta ao som de Mr. Catra e biruleibi. Chegamos e fomos caçar coisas baratas pra comprar – eu, particularmente, estava com uma enorme lista de roupas que eu devia comprar pro meu irmão. Paguei a dívida em produtos em vez de dinheiro, né? (a lista é monstruosa... comprei 4 casacos, uma mochila, 5 camisas, 2 bermudas, um boné, 1 par de tênis... Ele vai ter que pagar a mala extra, uahUAHuhauHAUhauHAUhauHA.) Foi tenso achar as promoções, porque tem milhões de roupas penduradas e você tem que caçar as baratas... Pois é. Foi. Depois, fomos a um shopping ali do lado, e almoçamos em um restaurante chinês – coma o quanto puder por 7 dólares. ISSO INCLUIA SORVETE! Precisa dizer que eu me embuchei???? Nó! Fiquei sem comer até umas 10 da noite UHAUhauHAUhauHAU.
Depois, rodamos no shopping até não poder mais. Pro Waldyr, comprei um dicionário massa inglês-português e a obra completa do Shakespeare – maior que a bíblia, além de uma camisa da promoção – 7 dólares. Valeu o passeio. A vista era espetacular, ás vezes as nuvens se confundiam com a neve no horizonte e não dava pra saber onde uma começava e outra terminava... lindo. Vi cavalos incríveis!
Enfim, a volta foi o mais engraçado. Dormi ao som do pancadão (não me perguntem como!), e depois de 1:30 – 2:00 viajando (a viagem dura em torno de 2:30h), vimos (eu já estava acordado) uma plaquinha: WELCOME TO IDAHO. Meu Deus... Tínhamos voltado!!! Ninguém sabe como, mas voltamos o caminho! Que coisa maluca!!! Bem, o povo começou a desesperar-se (E eu fazendo piadinhas do tipo: “Eu ouvi falar sobre uma maldição do carro alugado...” A Glinaura (sim, esse é o nome) odiou uhAUhauHAUauh), até pararmos em uma casa, as 10:30 da noite pra pedir informação. O Pedro abriu a porta e tinha um cachorro. Tudo escuro. Cenário de filme de terror. Meninas com medo. Um gato apareceu na janela. Chamávamos, ninguém nos atendia. Havia vultos ao fundo, talvez de um cavalo, talvez de dois humanos. O medo crescia. Até que alguém gritou: “TEM UMA CARA NA ÁRVOREEE!” E realmente tinha... Uma carinha idiota, tipo dois olhinhos e um nariz, provavelmente comprados e pregados lá. Começamos a rir. Daí o homem apareceu cagando de medo (quem não estaria, com um carro estranho cheio de gente no seu quintal às 10:30 da noite) e nos indicou a direção.
No caminho, paramos em um posto de gasolina (GRAÇAS A DEUS, PORQUE EU PRECISAVA FAZER XIXI HÁ UMAS DUAS HORAS...) e eu comprei uma espécie de café gelado, num copo, o qual eu podia encher quantas vezes eu quisesse. Nem precisa dizer que eu bebi um inteiro antes de sair só pra encher de novo... Daí pra frente, quem me conhece sabe que eu fiquei um chato falando o tempo inteiro – quando tomo muito café ou quando durmo demais eu fico doidão. Cheguei até a divagar sobre “como fazer filosofia em inglês, se ‘ser’ e ‘estar’ não têm verbos próprios – são o mesmo ‘to be’ “.
Chegamos a meia noite e meia. Pedro foi pra festa, e eu fiquei tentando enfiar TUDO na mala. O café me deu forças pra ficar acordado até às 3 e meia da manhã, e me mostrou que é IMPOSSÍVEL colocar tudo na mala que tenho. Fazer o que, né.
Beleza. Esses dias - isso foi engraçado – conheci uma menina simpatissíssima. O legal é COMO eu a conheci... Estava saindo do hotel, e ela saiu pela outra porta. Desceu da calçada e caiu de joelhos. Levantou-se, olhou pra trás pra ver se tinha alguém olhando, me viu e eu dei “oi”, sendo sumariamente ignorado. CINCO PASSOS depois, a menina me estabaca de novo de bunda no chão... Fui correndo e ajudei ela a se levantar. Segue o diálogo estilo teatro, com rubricas:
MENINA: (envergonhada)O-Obrigada... ai meu Deus!
WALDYR: Tá tudo bem?
MENINA: Sim, sim... Puxa, eu estou caindo porque não estou vendo direito (faz gestos desorientados com as mãos) eu uso lentes, e perdi as minhas (nesse momento, a menina CAI DE NOVO NO CHÃO IGUAL A UM SACO DE BATATAS. Waldyr dobra-se de rir...)
Foi assim... 3 tombos em 40 segundos. Engraçado demais! Depois acabamos conversando... Gente boa demais da conta!
Hoje comprei duas calças aqui no brechó, por seis dólares e 40 as duas =). Minha mamãe me liberou uma graninha pra eu comprar uns livros, e eu comprei uma gramática, um livro de phrasal verbs, alguma coisa sobre Francisco de Assis e Harry Potter 1 em LATIM! AuhauHAUhauHAUhauhAUHuah.
AH! Raspei o cabelo... UHAUhauHAUh. Máquina 2... Nem queria tão baixo, mas eu tentei raspar eu mesmo e destruí TUDO. Daí tive que pedir pro Pedro me arrumar...
Bem, continuando: Sábado foi dia dos namorados/dia da amizade aqui. Os brasileiros fizeram uma festinha que foi muito chata... UHAUhauHAUhauh. Pois é, mais eu estava por lá. A parte boa foi o Carlo, peruano bebaraaaaaço, falando português e xingando um brasileiro porque ele não queria competir com ele que tomava vodka por mais tempo. Uma outra: Um brasileiro me viu a cabeça e disse: “queisso, falai, aidético!” e eu: “Ô BURRO! Quem raspa cabelo é quem tem câncer!!!” AuhauHAUhauHAUhauHAUHuah. Bem, há uma parte não engraçada: O Pedro tem pedras nos rins, e teve uma crise no meio da festa... Fomos pro hospital e ficamos ate depois das 4 da manha. Bem, dormi de 4:30 às 7:30 e fui trabalhar, UHAUhauHAUhauH – Graças a Deus trabalhei nos dois esse dia.
MAIS NOVIDADES: Comprei um mp3, simple and fucked, mas perfeito. Só toca música, e é só disso que eu preciso mesmo! =). Ontem saí gritando as músicas pela rua, de tão feliz que fiquei...
Última novidade, eu acho. AMANHA VOU FAZER SNOWBOARD! ESTOU ANSIOSO...

Saudades de todos..

Amo vocês!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Uma homenagem

Ele acorda mais um dia de manhã no clima ardorosamente frio e sobe em seu carro grande e cheirando a novo, fruto de um suor derramado com saudade e garra. Segue os mesmos quilômetros que o separam do hotel, preparado para mais um dia de limpar quartos, organizar armários, manter a propriedade limpa.
Os anos o separam de uma família que está longe, de uma irmã inquieta, talvez de um filho bem novo que viu muito pouco – e viu porque recusou-se a partir enquanto o niño ainda estava de colo. A promessa – e a realização – de uma vida melhor e com mais facilidades o fizera mover, como tantos outros. E desde então, sua força, sua incrível e admirável força faz mover uma potência que jamais seria a mesma coisa sem ele. O trabalho braçal e bruto, realizado com eficiência e muita fé.
Muitas vezes sem falar quase nada de inglês, muitas vezes confiando na sorte sem ter perspectivas fortes, apostam. Encontram grupos de comuns, e compartilham a falta de um país que é o seu de verdade, mas não lhe deu a vida que desejavam. Sacrificam amores por algo que se lhes insinua melhor. Sentem falta da comida de verdade, não aquela que diversos fast foods alardeiam na televisão, mas aquele que em verdade comiam nas suas casas, com suas famílias quentes, com verdadeiro nacho e boa pimenta. Mas o passar dos anos trás a dúvida: viver pra sempre o sonho americano, trazer quem se ama, construir vida aqui. Seus filhos já nascerão bilíngües, terão ainda mais oportunidades, estudarão em escolas que parecem melhores.
Honestos como poucos seres, dignos e fortes. Quase sempre cristãos convictos que jamais deixam de ir à missa nos fins de semana, a missa em espanhol que as igrejas tiveram o carinho de criar. Com freqüência agem com inquietante preconceito, mas talvez porque seja uma única defesa contra o preconceito alheio que há de vir sobre eles. Seriedade e alegria nas horas que julgam corretas. Rostos autenticamente reconhecidos como mexicanos. Vigor e boa vontade também.
Improvisando uma palavra em inglês, tentando explicar algo que não sabe em outro idioma, trabalhando horas a fio, sendo alvos de piadinhas e talvez olhares maldosos, conquistando seu espaço, sendo necessários. Sim, necessários. Que Deus dê a força que merecem os mexicanos que imigram pra cá e trazem consigo seus sonhos na mala.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Novidades repletas de alegria =)

Bom dia, meu povo querido! QUE SAUDADES DO BRASIL! Ando com tantas saudades que anteontem senti falta até da minha professora de latim... andando na rua e lembrando da Neiva: “Isso é herança do gênero neutro...”. Mas passou rapidinho, hehehehe.
Vamos às novidades. Pois bem, tudo anda maravilhosamente bem. Ontem recebi meu primeiro paycheck! UHU! (Que bom, porque eu já tinha pegado dinheiro emprestado semana passada pra pagar o hotel, UHAuhauAUhauHAUhauHAU). Tá tudo guardadin no banco, alegremente! Yuhuuuu!!!! Na verdade, recebi o pagamento dos dois trabalhos. =)
Falando nisso, sobre os trabalhos: No motel, Antler, agora comecei a trabalhar sozinho. Estou fazendo uns 10 ou 11 quartos por dia ( na verdade, no primeiro dia que eu fiz sozinho eu não dei conta de fazer todos, mas quando alguém acaba seus quartos vai ajudar quem não acabou, e o mexicano NINJA me ajudou e fez tudo em segundos...). Sinto falta de ficar conversando enquanto trabalho, mas em compensação penso na vida e fico encontrando formas de otimizar (“Vou deixar o desinfetante aqui e tal paninho aqui, pra pegar mais rápido. Quando eu sair pra buscar os lençóis, já levo o sujo e deixo na sacola, lavo primeiro a cafeteira...” UHAUhauHAUhauh).
Mais coisas especialmente boas sobre esse emprego: Como trabalhamos no hotel, se alguém vai embora e deixa alguma coisa, é nossa! Então, há uns dias atrás, almocei comida tailandesa deixada em cima da mesa,e esses dias achei um monte de coisas: Uma manteiga em spray (coisa de preguiçoso!!), pão de forma meio doce, presunto (Meu Deus, isso Foi o que me deixou mais feliz!!!), um pouquinho de queijo, um doce gostoso de morango, um chapéu de palha no formato de caubói, uns donuts, um pouco de leite... Por aí vai. Isso é perfeito, porque posso variar o miojo.
Agora tenho almoçado pão com manteiga/requeijão/geléia, muffins e donuts, porque eu pego tudo isso do café e levo pro trabalho – a não ser quando acho algo mais legal, heheheh. Além disso, tem chocolate quente e biscoitinho no hotel em que eu trabalho.
MAIS! Esse emprego me dá direito a usar a academia de qualquer um dos seis motéis da vovó. Estou correndo quase todo dia na academia do Cowboy Village, e lá – adivinhem – tem cookies e maçãs pra comer! UHUUUU! MAIS AINDA! Ontem, descolei um pão com alho de graça no albertson e paguei baratinho com desconto nos hot pockets =)
Estou gastando, fora o hotel, uns 6 dólares por semana (Um recorde absurdo. Contando desde os 3,25 do futebol no sábado até toda a comida que como, UHAuhauHAUhauHAUhuHAUhauHAU).
Sobre o outro emprego: Bem, desculpem-me, mas acho que fiquei algum tempo sem dar notícias... O fato é que não contei que no Taco Bell o negócio tava feio, e estavam cortando as horas (teve uma semana em que trabalhei 4 horas e 40 minutos... Jesus!). Graças a Deus eu tenho o outro! Eu andava limpando taco Bell afora, o tempo todo, mas se o movimento tava fraco me mandavam pra casa =(. PORÉM, tenho notícias boas aqui também! =)
Acho que as gerentes passaram a simpatizar comigo. Certa feita, estava lavando umas budegas, aí uma gerente (da qual o pessoal não gosta, porque ela é meio grossa quando cometem erros) trouxe dois trecos e disse: “Pra você”, e eu “Obrigado”. Segue o diálogo: “Você é muito educado!” – “Isso é bom?” (Pergunta imbecil) – “Sim, eu gosto disso. E você é um bom trabalhador também” – “Obrigado! Fico feliz em ouvir isso!”. Vinte minutos depois, ela me disse que no dia seguinte iria me botar pra fazer comida.
Pois assim foi. Espertamente, estudei pela internet algumas das comidas do Taco Bell, e chegando lá elas gostaram bastante do que eu tava fazendo =). O Fato é que agora acho que gostam de mim (Outro dia estava tocando Black Music e eu fiquei dançando com os ombros: “Yo! Yo”, “We are niggas, man!”, e elas riram deveras!).
Isso significa que a chance de minhas horas aumentarem é plausível. Semana passada eu fiz 8, essa semana acho que chego a 11-12. Veremos!
Bem, no mais, agora tenho ido freqüentemente na casa das peruanas/brasileiras. Gente boas DEMAIS! A cara de pau com a qual entro lá e faço minhas coisas me lembra a casa da Bia... (Pena que não tem bia, não tem Christina, não tem o café gostoso que eu só tomo por lá... MEU DEUS, EU QUERO UM CAFÉ DIREITO! O CAFÉ DAQUI É TERRÍVEL! UhauHAUhauHAUhauHAUhuahU). Saudades! Minha leitura da Bíblia passou do Deuteronômios (acabei o Pentateuco!), mas meu estudo dos hiraganá do japonês anda beeem devagar.
Ah! E uma novidade que não pode ficar sem nota! Descobri um BRECHÓ! Sim! Da igreja... Vou lá hoje comprar LIVROS! Putz, comprei o ponto de impacto do Dan Brown por 27 cents... isso é absurdamente barato!!!!
Lá tem casaco a 3 dólares. Um meu estragou essa semana! Agora eu posso repor, uHAUhauHAUhauHAUhauhUAHuhauHAUhauHUAHuaHAUa
Finally, um prazer falar convosco – ainda que eu “fale” e vocês leiam, heheheh.
Enorme abraço! Amo Vocês!
Waldyr, sem nada pra adjetivar hoje.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Como Vida

Hoje eu abri os olhos com vontade de comer Vida. Sentir o gosto do gelado e do quente, beber do sangue das uvas – do vinho novo e consagrado, me sentir homem e correr com os lobos pelo que não conheço, mas sei.
O som da Vida percorre meu corpo vulgar. Me incita a me mover, a superar, a buscar a exaustão profunda e mordaz que me faz jazer no chão, arfando e dolorido, a saber que estou nesta terra e que me sinto nela, sabendo que a dor me vem da mesma fonte que o prazer, que o cansaço vem da certeza de ter gasto as energias que acumulo languidamente a cada refeição. E me sinto Vivo. Quero andar descalço e de roupas rotas, chorar enquanto rezo e sentir o arrepio percorrer a espinha ao me sentir perto do Pai.
Quero morder pão duro e abraçar um irmão. Quero trocar calor, impedir que se morra de frio – frio da alma. Quero economizar até os movimentos pra me mover com profunda loucura quando me for do agrado. Quero deixar tudo correr, quero não controlar a vida e me controlar, pra que em alguns dias eu me perca do controle por prazer.

Eu Vivo. Sorvo o néctar da existência que jorra pra dentro de mim, e me faz novo a cada momento. Respiro fundo e não sinto cheiro algum, mas estou cheio de paz.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Para vocês...

Para Christina – Minha linda, Carol, Mariana, Leo, Raphinha e as duas Marinas = (Max/babosa)

Queira Deus que minhas preces sejam capazes de trazer conforto e envolver em amor, que sejam cheias de fervor e confiança e mostrem o quanto eu amo os queridos que tenho. Permita que meu coração seja grande, e que nunca esqueça, e seja com vocês.
Fecho meus olhos e sonho em transmitir-vos a sensação de um abraço – sinto o calor no meu corpo, o carinho que me passam, a saudade brutal e a vontade de poder dar algo de mim... Daria um braço se necessário. O esquerdo, por favor. Que a imagem de um beijo no rosto vos possa levar a ternura que devoto e o desejo de estar junto.
Estou seguro que me agüento em minhas pernas por causa da força que me enviam vocês, e tenho condições de olhar pra frente porque vossa mão carinhosa me limpou as lágrimas e de sua boca eu ouvi cem vezes: “Segue. Deus está contigo”. Cada ser humano sente as dores de sua caminhada, mas o Pai foi misericordioso e me deu vocês pra que eu pudesse ser feliz – e sou. Por tudo isso, porque vos amo, gostaria de ter o poder de retribuir com as poucas migalhas que tenho... Porque sei que meus irmãos sofrem, e sentem a perda de um pai, uma doença complicada no corpo, dificuldades em casa ou consigo mesma, saudades de uma vida mais bela, sentem dor sem saber por quê. E queria, por tudo!, queria ser capaz de amenizar a dor, falar bem baixo palavras de afeto, abraçar.
Eu amo inquietantemente cada um de vocês, e sei que sou a pessoa mais feliz desse mundo inteiro. No meu coração, permanece a vontade de dar-lhes o mesmo... ainda que pouco. Ainda que fraco. Porque vocês merecem o mundo, mas minha pequenez só lhes pode dar um prece entre lágrimas, um pensamento recorrente, um abraço apertado imaginado na minha cabecinha...
Sigo orando e desejando vê-los o quanto antes. Choro, e me lavo, torcendo pra que possa lavar um pouco de vossos caminhos. E buscarei seguir as instruções da leitura do Irmão Evangelho de há pouco, “sacrificar as frivolidades do dia – mas com um sentimento que as possa santificar”. Vamos ver se ganho créditos com o Papai do Céu, pra poder me aproximar mais de vocês.
Me despeço chorando, com uma alegria imensa de ter vocês comigo, com um pequeno sentimento de impotência – Porém, tendo a certeza de que não posso nada e que Deus pode tudo. Sei que ele está sempre com vocês, mas continuo pedindo a sua bênção carinhosa para os tesouros da minha vida.
Jesus nos abençoe...
W

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

NOVELA MEXICANA

Essa aqui é uma novela mexicana que gravei com os peruanos... uahUAHuhauHAUhauUAH

LOS JUGUETES DE MARIA CONSUELO!



http://www.youtube.com/watch?v=3dV9CZzKs6I

ABRAÇUUUU!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

ALEGRIA!!!!!! =)

Bom dia, meus irmãos! Véi, vou contar pra vocês muitas coisas boas... se preparem aí!! Olha só:
Eu contei de uma velhinha guti-guti que é dona de seis motéis e um restaurante daqui de Jackson? (pelamordedeus, motel aqui não é igual Brasil. É um tipo de hotel) Então! Desde que descobri que ela existia que eu vou lá duas, às vezes três vezes por semana caçar emprego e pedir diretamente pra ela. Na sexta feira fui lá de novo, e ela disse: “Amanhã você me liga de manhã!” Beleza. Na manha seguinte, às oito e pouco, ela estava me ligando pra dizer: “Olha, temos trabalho por 3 dias pra você... É só hoje, amanhã e TALVEZ depois, você quer?” LÓGICO! PERGUNTAR MACACO SE QUER BANANA??? Fui direto pra lá.
Essa parte foi engraçada. Trabalhei limpando quartos, e inicialmente me colocaram com uma mexicana – Victoriana – para treinar. No meu segundo quarto, eu estava aprendendo a fazer a bendita cama ( a cama aqui são dois colchões e um “pezinho”, você põe um negócio de algodão, a fronha, estende o lençol, solta um cobertor e enfia os dois entre os dois colchões, depois você solta o cobertorzão e dobra eles pro travesseiro ficar dentro dele) e me entra uma outra mexicana. Começam a conversar em espanhol (CRENTES que eu não esntendia...), e ela disse: “Esse menino é novo. Não sabe fazer NADA. Vou ensiná-lo a fazer a cama pelo menos, porque se não...”. Nessas horas a gente sente que o orgulho tem um ponto físico no nosso corpo, na altura do estômago, pro lado das costas. “Beleza, então”, pensei. No final, eu fazia as camas, limpava os móveis e aspirava o chão enquanto ela ficava só no banheiro.
Cruelmente, pensei em uma forma de mostrar pra ela que eu tinha entendido. Esperei um bocado, tipo quase três horas, e perguntei gentilmente: “De onde você é?” – é lógico que era do México... – E ela: “Mexico city, e você?” Tcham tcham... “Brasil”. Ela me olhou com uma cara tão apavorada (ela já tinha conversado horrores em espanhol perto de mim. É claro que eu não fiquei prestando atenção, mas ela deve ter pensado “Nó!”. Ah, aqui eles acham que todo brasileiro entende espanhol... =P). Enfim, o dia terminou showd.
No dia seguinte, um outro mexicano trabalhou comigo, e ele é MUITO rápido. Quase fiquei doido. No inícios pareia que ele me odiava, UHAUhauHAUha, mas depois começou a conversar comigo, até que eu disse que falava espanhol. Nunca mais falei inglês.
Nesse dia, a vovozinha me disse que ia tentar me dar 3 dias por semana no motel dela. Saí de lá radiante, voltando pra trabalhar no dia seguinte. Meu trabalho foi só limpar todos os aquecedores do mundo, porque eles acumulam poeira por dentro, e depois limpar um salão lá. Showd. Mandaram-me voltar no dia seguinte.
Terça feira. Foi dia de folga pra mim, me mandaram pra casa com uma notícia absurdamente perfeita... Ganhei cinco dias de trabalho por semana. Saí do motel, e sem conseguir me controlar, chorei igual a uma criança. Como eu agradeci a Deus! Nossinhora!
Agora tenho 30 horas de trabalho no motel, e aproximadamente 12 no Taco Bell.. 40 horas! O suficiente Ra pagar todas as dívidas que eu fiz! (Já calculado!)
Estou absolutamente feliz! =)

Duas novidades mais? Lembram do Rodolfo, o cara louco que eu disse que me lembra o Vítor Lécio? Então. Estava conversando com ele e outro cara outro dia, e eu contei “Pô, semana passada eu só gastei $1,79!” “Como?” “Bem, eu ainda tenho miojo, como ele de almoço. De manhã, eu como o café do hotel, guardo uns pães e cereais e como de noite de novo”. Ele me olhou com uma cara de “coitado desse indivíduo!” E me deu um desconto que ele tinha de 10 dólares no supermercado... Comprei comida! =) Poxa, fiquei muito feliz mesmo. Como diria ele mesmo: “Esse cara é firmeza” (R retroflexo, sotaque de paulista).
Ontem, conheci uma peruana no trabalho – limpei quartos com ela. Gente boa DEMAIS! Ela me chamou pra almoçar na casa dela, e comemos macarrão com frango... Meu Deus! Eu não comia macarrão desde que saí do Brasil... Que delícia! (Nomes das peruanas: Sylvia e Christle)
Conheci uma galerinha legal, e o pessoal do meu trabalho é fenomenal. Meu Deus, Obrigado!
Me despeço feliz... Absolutamente grato. E MUITO grato a todos vocês, porque tenho certeza, sem as preces dos meus irmãos, eu não sei o que seria desse fraco que vos fala...

Abraço enorme! Fiquem com Deus!
Waldyr =)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

"HERE I AM, ROCKING LIKE A HURRICANE"

Bom dia galeraaaa!!!
Bem, torno a público mais uma vez a fim de desvelar uma série de acontecimentos que foram, no mínimo, dignos de nota.
Já sabemos que agora eu sou uma pessoa que trabalha em um fast food mexicano (12 horinhas...). Enfim, quarta seria meu primeiro dia de trabalho, e lá fui eu felizão, com um sorriso de orelha a orelha trabalhar. Há 3 gerentes: a super manda chuva (Christina... olha que coincidência! UHAuhauHAUhauH), um de dia (Jess) e uma de noite (Crystal). Chegando lá, era folga da Christina e fiquei sob os diligentes cuidados de Crystal. Coloquei o uniforme pretinho, bonezin na cabeça e fui ansioso pra por mão na massa. Ninguém me explicou NADA. Me botaram ali do lado e mandaram o carinha que tava fazendo as comidas me ensinar. Aí, ele ia fazendo e dizendo: Isso é isso, Isso é aquilo, e eu com a maior atenção do mundo, colocando o que ele mandava colocar e embrulhando no papelin. Véi, começou a chegar um monte de gente e pedir comida de tudo que era lado, e eu ali mó jagods só embrulhando as paradinhas... a Crystal chegou uma hora com uma notinha e gritou: “I WANT THIS ORDER NOWWWW”. Medo. Depois de uma hora lá, ele me vem e fala: Não temos tempo de treinar você agora. Vai pra casa e volta amanhã”. Fui, né? Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Para coroar a noite: brotei em casa, tomei banho, usei o computador... até que de noitinha os peruanos trouxeram um monte de amigos pro nosso quarto, a fim de fazer uma “prévia” para a festa de noite. Jah tinha uísque e vodka quarto afora, e eu estava de pijamas deitado na última cama. Depois de algum tempo, bate alguém à porta. Atendem. E do lado de fora, dois policiais gordinhos estavam perguntando quem morava ali.
Debilmente, ergui minha mão mole de sono, e o senhor (como diria Lud) me encarou com um olhar de pena (Coitado desse moleque aí no fundo... o, meu filho, vem cá, se consegue falar???). Fomos eu e mais dois (um estava fora, um estava fazendo cocô e o outro era menor e estava com um copo de uísque na mão – Nota: maioridade aqui é com 21 anos. A menina foi olhando pra baixo, e o cara foi rindo todo sem graça. Eu não tava nem aí, não sei se porque não bebi nem uma gota de álcool ou se eu estava com muito sono pra me preocupar. Bem, rolou aquela fumada por cauda do barulho, e um aviso: Se acontecer de novo, despejados, e multa de 750 dólares pra cada um... (eu vou ter que me prostituir se isso acontecer! E aposto que nem assim arrumo o dinheiro!)
Mas tudo passa, até a uva passa. Ontem, quinta, passei boa parte do dia estudando as comidas do Taco Bell pela internet (Sabem daquela música “Codinome beija-flor”? Pois é, o Cazuza fez uma pra mim chamada “Codinome Eficiência”). Como a chefona tava lá, me explicaram onde eu pegava isso aquilo e aquiloutro, mas a comida foi a mesma coisa. Mas eu já sabia fazer um monte de coisaaaas! E fiz algumas coisas sozinho quando os outros estavama fazendo outras coisas.
É um trabalho divertido e muuuito louco. Você NUNCA fica parado, porque tem coisa pra lavar sempre, limpar dentro, limpar fora, varrer, encher as paradinhas de comida e molho e, finalmente, fazer a comidinha. Eu teoricamente trabalharia de 5 às 8, mas por algum motivo inapreciável, não me mandaram embora e eu fiquei lá até as 10 e meia (como eu ganho por hora, fiquei MUITO feliz =) ). E eu fui trabalhando, heheheh. O Vinícius deve estar MUUUUUUUUUUITO bravo comigo, porque eu tinha marcado de encontrar com ele 8 e meia na praça e eu sumi. Desculpa.
Enfim, foi um ótimo primeiro dia. Sou uma pessoa realizada! Fiquei com aquele cansaço bom, de missão cumprida... quase aquele cansaço de quem carrega cadeira em encontro espírita, UAHuhaUHAUhauHAUhauHAUHauh.
Mais uma vez, um muito obrigado a todos que me dão tanta força... acho que sem as preces de vocês eu estaria desnorteado.
Grande beijo no coração de vocês! Fiquem com Deus!
Waldyr, empregado!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Sobre a vida em Jackson

Bem pessoas do meu coração! Como a maioria já sabe, arrumei um bendito emprego de meio expediente! Como vocês não sabem, a mulher me pediu pra eu esperar uma semana pra ela arrumar a grade de pessoas. Começo amanhã!
Infelizmente, trabalharei só 12 horas por semana... Isso é realmente muito pouco, mas estou disposto a dar meu sangue e conseguir mais horas lá! YEAH! Não acho que isso seja impossível, creio até que é provável que eu consiga mais horas no futuro. Mas vamos lá. Tô torcendo!
Adquirindo táticas ninjas de furtar cereal e leite do café da manhã, UHAUhauHAUhauH.
Resumo da vida: Esses dias joguei futebol (feliz!), dancei funk na casa de brasileiros/colombianos (nem acredito... isso é que é falta de opção, UHAuhauHUAhu) Aprendi a desenhar 18 dos 72 símbolos do hiraganá (um dos alfabetos japoneses) e a falar algumas palavras em japonês, li os três primeiros livros da Bíblia e estou no meio do Números – fazendo um fichamento... ando escrevendo e escondendo, pergunte ao Luiz Carlos porque! Baixei mais de 20 cds do Caetano e só ouvi uns 6 ou 7, baixei U2 (e é muito bom), e música pseudocigana (dizia: música cigana, mas era um cdzinho de relaxamento com uns instrumentos a mais, umas palminhas e de vez em quando alguém gritando no fundo: “olé!”), e new age, e um monte de coisa, e a bíblia em latim (que eu mal abri), e um livro sobre Francisco de Assis de um pastor protestante. Ufa. Creio que são essas as novidades.
Pra quem eu não contei, estamos morando no quarto dos peruanos (eu e Pedro). Vini, Xand e Dani mudaram-se para onde o Vini trabalha, e nós dois fomos para o quarto da frente. Éramos 8 pessoas entre quarta e sexta, depois passamos a ser sete (o quarto é pra seis...). Hoje viramos seis, porque uma das peruanas vai voltar pra sua terra (mas essa noite, dormimos 10 pessoas nesse quarto... meu Deus!)
Hoje resolvi fazer uma breve descrição das pessoas a minha volta. Acho que já conheço o bastante para criar um estereótipo possivelmente falso mas engraçado de quem vocês não conhecem:
Waldyr: O mais bonito e esperto de todos. Desnecessário falar mais a respeito
Pedro: Só fala merda todo o tempo do mundo. Se ele falar a coisa mais escatológica do mundo no café da manhã, não tema. É enrolão, e o segundo mais bagunçado do quarto.
Carlo: Peruano, socialista, ateu. Dá em cima de todas as mulheres, é “pegador” (que termo péssimo. Pegador é coisa de colocar macarrão no prato...) e escreve poesia. Aprende português muito rápido e se apaixonou por funk...
Paola: Pequenininha, do tamanho de um botão. Fica alcoolizada com muita facilidade – graças a Deus eu só presenciei isso uma vez. Sempre começa as frases com “You know”... gosta de arrumar o quarto e dizer que foi ela.
Seifur: Tadinho, esse é o mais bagunçado de todos... É o tipo de pessoa que pede seu computador emprestado e usa ele com a mão engordurada de frango (arrrrgh). Joga papel pra tudo quanto é lado e não consegue perceber quando está incomodando – tipo, quando você ta resolvendo algo sério e ele fica te contando piadinhas de “knock knock”. Fala mormente de futebol, faz vídeo de tudo e também está lendo a bíblia – em espanhol.
Lesly: Peruana, gosta de viver a vida de forma “louca” mas que ter tudo sob controle – incluindo o nosso quarto. Ocupa mais espaço que três homens juntos, e está saindo com um jovem americano instrutor de esqui (que tem um sotaque muito massa).
Rip: Rapaz com 21 anos e aparência de 17. “Personalidade forte”, acho que ele gostaria que chamassem-no assim. Repete SEMPRE a mesma piada (What a Shit! Do you know what is it? Do you know what shit means? Shit! That´s it, man!) e fala sempre usando “man” como vocativo. Compra comida e dá pra gente de vez em quando.
(fim do quarto maluco)
Valentim: Romeno, branco, é atendente do hotel Jogou bola conosco, tem aparência séria mas ri O TEMPO INTEIRO... Sempre ri quando alguém faz besteira. Sarcástico... tem um irmão que mora no hotel.
Ibrahim: Indiano, atendente também. Ri largamente, mas às vezes está meio sério. Saca de Grafologia e te diz sua personalidade pela sua assinatura. Não come carne de boi e tem experiência vasta com hotéis e contas. Não agüenta mais o povo do meu quarto trocando as chaves...
Alexis: Mora no quarto ao lado, é peruano e namora uma brasileira. Está o tempo todo falando de sexo e fazendo piadinhas a respeito, mas no fundo é um cara incrível e sensível. Acho que ele me escolheu pra Cristo (...) e sempre faz piadinhas sexuais envolvendo minha singela pessoa.
Priscila: Brasileira que namora o peruano. É engraçado quando ela finge que está brava e fala alto. Antes, ela entrava no nosso quarto e nunca ficava mais que 15 minutos. Agora, ela nem entra UHAUhaUHAUhauHAUh. Encontro ela do lado de fora.
Alvaro: Peruano que toca baixo. Mora com o casal, e sempre que me vê, manda eu sair do meu ligar no computador (Tá legal, estou usando o computador muito mais que uma pessoa normal. Mas o que você faria num lugar onde você conhece pouca gente, sem dinheiro, não dá pra ficar passeando ou fazer exercícios na rua com -20°, e sem trabalho???).
Filipe: Vulgo Chicho. Mora na vila ao lado. É baixinho e MUITO engraçado, fala “Fock” o tempo todo e com uma entonação engraçadíssima... Gosta de zoar o Seifur. Aparece por aqui e normalmente fica pra dormir
Christian: Mora com o Filipe e trabalham no mesmo lugar. Foi um dos que mais se compadeceu quando eu não achava emprego de jeito nenhum... Esses dias fui com ele procurar um segundo emprego, e ele nunca acreditava em mim quando eu dizia: “Aqui não adianta. Aqui eu já vim. Aqui, só em fevereiro”. (Quanto a isso, adquiri experiência)
De forma geral, acho que são essas as pessoas com quem mais encontro e converso – sem contar o Xand, o Vini e o Dani. Além desses, tem 3 peruanas que moram com o Álvaro e o casal, o atendente colombiano German, milhares de peruanos no andar de cima, a filha do patrão do Xand, a Claudia (peruana) que ta sempre por aqui... aposto que estou esquecendo de alguém...
Enfim, se eu lembrar, estarei aqui de volta!
Grande abraços, a fiquem com Deus!
“Hoje, um emprego de 12 horas. Amanhã, o mundo!”

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

E eu dançava

Para Bia e Tiagão

Algo bate dentro de mim, e não é meu coração.

Desejo voltar às eras primevas, às vidas passadas, ao tempo em que meus deuses eram muitos e meu coração, pagão.
Onde o amor era sagrado, e o sexo consagração,
E eu dançava pela chuva e pela colheita.

Sabia prazer nos sacrifícios -
ca carne própria, dos rebentos tenros dos animais.
E as danças tresloucadas, em volta de uma volumosa fogueira ancestral me abriam a alma. Loucura pagã, prazer insensato de quem entra em transe com ervas divinas, inconsciência mais consciente que hoje eu jamais seria capaz de ter...

E eu dançava.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O QUE EU QUERO MAIS

Eu quero mais é que se foda.





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UAHUhauHAUhauHAU desculpa, eu não resisti...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

LEMBRE DA NOSSA MÚSICA

LEMBRE DA NOSSA MÚSICA

Caía a tarde feito um viaduto. Da janela, a moça acompanhava os passos do seu rapaz que andava pelo mundo, prestando atenção em cores. A alegria voltou. Andara rezando baixo pelos cantos, torcendo para que ele voltasse logo e não fosse embora nunca mais.
Chegou como quem chega do nada, e ela pediu perdão. Disse tudo, disse sempre: penso em você, desde o amanhecer até quando eu me deito, meu destino é querer sempre mais... não me deixe só, eu tenho medo do inseguro, medo dos fantasmas da minha voz... Não me deixe mais só. Quero gosto sincero de amor...
Olhos nos olhos, e o que ele faz... Sem ela, ele não tem tempero no seu dia. Mas, maior do que tudo, sua expressão grita: “Minha religião é o prazer”. Quero moça que me deixe zarolho, que me deixe cambaio, que me ferva a veia, disposta a me deixar no bagaço. Quero ter você a noite inteira.
Então... seu amor não é meu. Sou objeto. Sou sexo. Mas meu coração de mulher há muito tempo te busca, e sinto falta... saudades dos seus segredos lindos e indecentes. Comigo, eu sei, ele chora de prazer, rola no tapete! O meu amor... tem um jeito manso que é só seu! Quando me roça a nuca e quase me machuca com a barba malfeita, e me beija com calma e fundo até minh’alma se sentir beijada...
Me entrego. Grito. Me abraça, me aperta... Me prende em tuas pernas, me enfeita num beijo. Me dá chance de renascer no amor, redescobrir o doce no lamber das línguas, o doce e o sabor da festa... Fazer amor é tão prazer que é como fosse dor. Falo em deleite: “Eu sou sua menina... você é meu rapaz!”

E ele fez tanta sujeira, lambuzou-se a noite inteira até ficar saciado. Levantou no meio da noite e partiu, exibindo à frente o coração que não divide com ninguém. Sem sentimentos, só instintos, sensações. O mundo todo é hostil.
E ela acorda assustada, sem sentir o corpo dele pesando sobre o seu. Arrependimento, medo... Porque se entregara de novo? O que viria agora? Não sabia, nunca ia saber se seu homem voltaria.
O amanhã é longe demais pra quem não tem a eternidade.




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Título: Vanessa da mata

Elis Regina – Adriana Calcanhoto – Cássia Eller

Chico Buarque/voz Maria Bethânia – Marisa Monte – Vanessa da Mata

Chico Buarque – O Teatro Mágico – Zeca Baleiro – Lenine

Vanessa da Mata – Tim e Vanessa – Chico Buarque/voz Tetê Spindola

Lenine/voz Maria Rita – Elis Regina – Chico Buarque/voz Tetê Spindola

Chico Buarque – Los Hermanos

Marisa Monte

Vanessa da Mata

sábado, 3 de janeiro de 2009

BOA NOTÍCIA!

CONSEGUI UM EMPREGO DE MEIO EXPEDIENTEEEEEEEEEEEE!!!!!


Graças a Deus! Não é muito, mas dá pra me manter aqui até achar um de tempo integral!!! Graças a Deus! Agora, pelo menos posso vover sem medo de nao ter como pagar o hotel... AUHAUhauHAUhauHAUhauHAUhauHAUhauHUAHuah

Obrigado a todos os irmãos que me deram AQUELA força!

Beijãoooooooooooooo!

Reveillon do Mercosul

Here we go again in Jackson Hole, 3 de Janeiro do novo ano – o ano do emprego!

Antes do assunto inicial deste post, tenho duas notícias:
Se você ler esse post antes de 21h (horário de Brasília), reze por mim. Vou conversar com a gerente de um fast food mexicano chamado TACO BELL, e a chance de emprego é absolutamente tangível... isso será as 16h aqui. Obrigado! Isso definirá se eu fico aqui ou se migro de cidade...
Outra: Ontem depois de 28 dias, comi arroz de novo! Minha boca enche d’água só de lembrar.... Bem, lembram do vilarejo aqui do lado, que tem que pagar 3 dólares pra ir (a menos que você tenha um passe)? Pegamos um passe emprestado e entramos no refeitório de empregados do hotel TERRA, onde trabalham alguns amigos peruanos, e comemos de graça! O melhor: Voltamos lá de noite só pra jantar, UHAUhauHAUhauHAUhuah
* Sobre o réveillon
Todos nós, com exceção do Vini que trabalhou (se alguém ficar com pena dele porque trabalhou no Réveillon eu fico bravo! Melhor isso que ser sem emprego, UHAuhaUHAUhauH), fomos passar o réveillon na casa dos brasileiros... O natal eu não vi passar, mas a virada me deu um prazer espetacular, um prazer de quem escuta português a noite toda e vê gente que age como brasileiro (Nenhum americano/peruano/colombiano/chileno te saúda cantando “Uba uba uba ê, Uba uba uba ê”). Senti na boca de novo o gosto de Brasil, e isso me fez bem.
Chegamos lá faltando 5 minutos pra virar... tinha um cara MUITO louco fazendo um filme, e eu achei que estava absolutamente alcoolizado (depois vim a descobrir que ele não bebe uma gota de álcool... virei fã dele, é um cara gente boa demais – ele me lembra o Vítor Lécio. Achou que isso contribuiu pra eu achar ele tão showd). Tiramos várias fotos do lado de fora, cantamos, gritamos e entramos...
Esse cara maluco (Rodolfo é seu nome) fazia zona o tempo todo. Havia um ou outro estrangeiro, aí ele virava pra eles e dizia (perdão pela transcrição) “Pau no cu dos gringos!!!” E eles “Ê Ê Ê Ê Ê Ê Ê Ê Ê Ê Ê Ê Ê Ê Ê Ê!!!”. Um amigo peruano ganhou o apelido de Zacarias, e passou a festa inteira dizendo “Quién és Zacarias???”. Isso foi máximo. Conversamos um bocado, e rolou aquela brincadeira do “No meio da floresta, havia uma coruja, de dia ela dormia, de noite ela fazia... Tchu Tchu, Tchu Tchu, Tchu Tchu, Tchu Tchu, Tchu Tchu!”.
Foi absolutamente divertido. Pessoas dançando, bebendo (eu comi uns pedaços de pizza), gente conversando... houve uma parte chatinha, pois havia uma companheira peruana alcoolizada querendo desabafar... (As pessoas tem o direito de desabafar, mas sóbrias! No dia seguinte elas nem lembram mesmo! UHAUhauHAUhauHAH). Mas isso foi o de menos. Foi incrível. Cantamos músicas idiotas, cantamos axé, cantamos o hino nacional brasileiro (as duas partes, sem errar!) com as mãos no peito (e as vezes pulando, hehehehe).
Claro que chegou um momento em que as pessoas começaram a cair de bêbadas e falar besteira, e nessa hora eu vim pra casa... Dormi tão bem! Adorei isso..

COMO SINTO SAUDADES DESSE BRASIL, PÔ!
Aproveitem esse país, beleza? Ele é coisa única.
Continuo tentando encontrar emprego! Não desisto!
“Verás que um filho teu não foge à luta”.
Amo-vos! Beijo a todos!
Waldyr, Brasileiro de coração.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

TEM COISAS QUE SÓ ACONTECEM COMIGO

Um depoimento de um quase criminoso...

Bons dias, galera. Como estamos? Aqui estou bem, graças a Deus. Bem, eu queria compartilhar uma coisa absolutamente idiota com vocês... Uma pergunta: alguém de vocês tem um amigo ou conhecido que já foi “selecionado” em um país estrangeiro para lavar dinheiro? Pois agora têm.
Estava tranquilamente mandando emails para Salt lake city, por meio de um site que é tipo um classificados da net (craiglist). Pois bem. Mandei um email para concorrer a posição de limpador em um banco... e eis que vem a resposta (resumo)

Somos da empresa Do Art, que trabalha enviando tecnologia para todo o mundo.
Infelizmente, essa posição já foi preenchida, mas seus dados pessoais se ajustam a uma outra posição de que precisamos: Assistente de pagamentos. Seu trabalho será receber os pagamentos, depositá-los na sua conta do banco e transferir 90% para nós. Seu pagamento será 10% mais 600 dólares mensais. Esse é um emprego de meio expediente. Se estiver interessado, envie seu currículo para nós.
Número de telefone, etc.


Beleza. Eu fiquei feliz, mas meio que achando estranho, e mandei um email com o currículo (incluindo TODAS as informações pessoais...) perguntando mil coisas: O que eu ia fazer exatamente, quando eu ia ter que mudar p Salt Lake, quando eu começava a trabalhar, se a gente podia oficializar a contratação por email etc etc. O cara me responde assim:

Meus parabéns! Você foi qualificado para a posição de assistente de pagamentos. Por favor, deixe-nos saber o quão honesto você é a fim de que comecemos o trabalho.

Um cadinho estranho... O cara nunca tinha m visto nem nada, e eu já era assistente de pagamentos... Bem, perguntei de novo tudo pro caboclo, e disse que eu precisava saber quando eu começaria a trabalhar... Olha o que o infeliz me manda...

O seu primeiro serviço já começou. Um de nossos clientes enviou para a sua casa o dinheiro de uma das encomendas. Eis aqui o Tracking Number (tipo pra acompanhar pelo site) do envelope.

Quando eu vi aquilo, gelei. Corri no site da FEDEX e lá estava: Postado, 6:06 da manhã, previsão de chegada para o dia seguinte ao meio dia... Putz! Mandei email de novo, dizendo: “Relaxa aí, eu ainda não estou trabalhando pra você, me explica direto esse negócio aí...” E ele enviou novamente as instruções: deposite, transfira, pegue 10%... Liguei para o telefone deles – não existe. Não há nada no Google sobre essa empresa. PÔ! É lavagem de dinheiro com certeza!!!!

PORQUE ALGUÉM DE MARYLAND QUE COMPRA ALGUMA COISA E, EM VEZ DE DEPOSITAR O DINHEIRO NO BANCO, ENVIA PARA UM DESCONHECIDO EM JACKSON HOLE – WYOMING A FIM DE QUE ELE DEPOSITE NA PRÓPRIA CONTA E TRANSFIRA??????

Na hora que esse email chegou, havia duas peruanas no quarto que quase me deixaram maluco. Incentivado (quase impelido) por elas, liguei para a Polícia, e eu fiquei com MUITA raiva do policial... na verdade, a primeira policioa (feminino de policial) me disse que mandaria um cara aqui, e esse cara liga depois, achando que eu sou retardado e perguntando: “Não entendi. Qual é o problema? Você não que mais o emprego?”. No fim das contas, ele disse: “Recuse o pacote”. Só. Que cocô, hem?
Por algum tempo, imaginei a possibilidade de alguém aparecer aqui e me matar (afinal, eles tem meu telefone, endereço e tudo mais), mas isso seria tosco. Estou tranqüilo agora.
Nesse momento, o envelope (possivelmente contendo um cheque) está de volta na FEDEX, esperando que alguém o pegue de volta. A polícia não quis saber se tem gente lavando dinheiro por aqui... Bem, é isso. Nada mais a comentar.
Não era bem isso que eu tinha em mente quando eu disse que queria um emprego, né...
Mas eu ainda vou achar! (nem que seja de volta ao Brasil, pra pagar a viagem, UHAuahUHAUhauHAUh)

Saudades de todos vocês! Saudades do meu país!!!!! Estou saindo a caçar emprego de novo, vamos ver o que vai rolar!
Grade abraço! UHUUUUUUUUUUUUU!!!
P.S.: Os miojos estão acabando! Só faltam 27 pra eu comer!