terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Como Vida

Hoje eu abri os olhos com vontade de comer Vida. Sentir o gosto do gelado e do quente, beber do sangue das uvas – do vinho novo e consagrado, me sentir homem e correr com os lobos pelo que não conheço, mas sei.
O som da Vida percorre meu corpo vulgar. Me incita a me mover, a superar, a buscar a exaustão profunda e mordaz que me faz jazer no chão, arfando e dolorido, a saber que estou nesta terra e que me sinto nela, sabendo que a dor me vem da mesma fonte que o prazer, que o cansaço vem da certeza de ter gasto as energias que acumulo languidamente a cada refeição. E me sinto Vivo. Quero andar descalço e de roupas rotas, chorar enquanto rezo e sentir o arrepio percorrer a espinha ao me sentir perto do Pai.
Quero morder pão duro e abraçar um irmão. Quero trocar calor, impedir que se morra de frio – frio da alma. Quero economizar até os movimentos pra me mover com profunda loucura quando me for do agrado. Quero deixar tudo correr, quero não controlar a vida e me controlar, pra que em alguns dias eu me perca do controle por prazer.

Eu Vivo. Sorvo o néctar da existência que jorra pra dentro de mim, e me faz novo a cada momento. Respiro fundo e não sinto cheiro algum, mas estou cheio de paz.

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