Cansei de mim.
Tenho a vaga, porém lúcida impressão de que não faço mais parte desse mundo... e se ainda faço, não quero fazer. Sinto nas costas o peso da porcaria nenhuma que teimo em carregar, burro da carga alheia que tomo por minha.
Acho que meu estado atual me entristece. Saber que o eu criança desejava um mundo lindo, de amor e fé, de esperança e igualdade, torna ainda mais soez meu desejo hodierno de um canto só meu. Um canto em que nada nem ninguém me queira, me cobre, me seja, me molde. Recorrente sensação de que estou me tornando pior.
Julgar-se erroneamente acima da média é obrigar-se a estar sempre acima. Permitir a cobrança dos outros guiando sua vida e acreditar que você não pode decepcionar ninguém. Depois, é passar a culpa para si, estimular a si mesmo a uma falsa alegria infinita, que esconde dores e mazelas de quem não te quer assim até encontrar onde vomitar tudo isso – que seja um texto qualquer. Uma das piores coisas pra mim é a necessidade de contentar-me com o pouco que sou.
Dói saber o porquê disso tudo. Aliás, dói achar que sei, e mesmo assim não achar forças para viver... Só para existir. Quero ser o que sou, mas não sei se minhas censuras vêm do meu prejudicado bom senso ou da pressão de quem me acha Bom. Não sou. Sinto falta de achar que estou no caminho certo. Falta da inocência e da ignorância que não me permitiam os pensamentos de hoje. Falta de querer amar meu semelhante sem ter medo de ser obrigado a amá-lo pra sempre, e uma puta saudade do que não me existe.
Que se dane. Eu não suponho que ninguém me entenda. Afinal, essa suposição seria um contra-senso. Se expurgo tudo por aqui, não é para despertar pena ou admiração. Para o inferno com esses dois. É só para me lembrar de como eu era: Uma criança que escrevia. Sem vergonha do que sente e sem medo de ser feliz, a desenhar o destino que queria e não iria alcançar, em linhas verdes traçadas com firmeza, infantilmente.
Tempo, tempo, tempo, tempo.
Há 8 anos