sexta-feira, 26 de junho de 2009

Intertexto e cultura no funk brasileiro contemporâneo

Intertexto e Cultura no Funk Brasileiro Contemporâneo
(Atenção às notas de rodapé)
Erick de Schehenbauer (1)

1 – Introdução:

O funk é um estilo surgido nos Estados Unidos por volta da década de 1960, e suas origens diferem profundamente do funk brasileiro dos dias de hoje. Baseado inicialmente nas músicas Soul, Jazz e R&B, o funk cresceu em influências e pode ser considerado, hoje, o maior exemplo de cosmopolitismo musical do Brasil e, ousaria dizer, da América Latina. Um pensador contemporâneo o define como “Funk significa Pânico!” (SOBRAL, J. 2008), e o emérito e bonito pesquisador Waldyr Imbroisi o chamou de “Dança de acasalamento urbana” (IMBROISI, W. Não publicado ainda...)(2)
Reconhecemos antecipadamente a impossibilidade de mapear assunto tão amplo e tão aberto a areas de pesquisas como esse. Nossa intenção é puramente ressaltar alguns dos pontos mais notórios dessa arte, de modo a produzir um pequeno roteiro para o estudo do tema.

2 – Influência Latina:

A influência do texto e da cultura latinas é evidente no funk contemporâneo do nosso país, destacando-se a clara apropriação do estilo de Cícero. Em muitos casos, notamos um resgate filológico que subverte formas já canonizadas de verbos e permite à criação poética uma liberdade muito maior. Em Dança do Créu, o MC homônimo se utiliza desse recurso de forma magistral.
A palavra Créu vem do latim creo, -as, -are, -atui, -atum, que significa produzir, fazer crescer, criar, causar (DÉBORA, 2009)(3). No texto de MC Créu, a criação (feita por ele mesmo) se processa em ritmo cada vez maior, de forma cada vez mais vertiginosa, como se o processo criativo não pudesse se conter com uma única velocidade – assim que liberta, a inspiração se multiplica mais e mais, e permite que a criação seja feita em até cinco velocidades diferentes. Alguns críticos literários chegaram mesmo a supor que o eu lírico da canção fosse o próprio Deus, e as velocidades ascendentes representassem os dias que ele levou para completar a criação. A ausência dos dois últimos dias, em que ele criaria o homem e, enfim, descansaria, ainda é um mistério e é matéria de discussão entre os críticos (CALVINO, 2001)
O texto da Dança do Créu traz ainda uma advertência: O processo criativo não é para qualquer pessoa, exigindo dedicação e habilidade:
“Prá dança créu
Tem que ter disposição
Prá dança créu
Tem que ter habilidade
Pois essa dança
Ela não é mole não” (CRÉU, 2007)

Outros exemplos claros do uso de palavras latinas são Chatuba (Chatuborum, Gen. Plural de Chatubus), Bonde (Bonitas, -atis: de boa qualidade) e Pirigueti (derivado da expressão idiomática Chuta qui macumborum est).

3 – Profundo culto à forma

Assim como grandes escritores como Eça de Queiroz e Olavo Bilac, o culto à forma faz parte da escola funkista de poesia. Contudo, como toda escola revolucionária, o funk traz inovações nesse sentido, substituindo o apreço pela forma poética pelo culto à forma do corpo da mulher “amada”. É necessário tomar cuidado para não cair em um simplismo hedonista: o funk vai muito além de simples desejo carnal, sendo esse apenas possibilidade de sublimação – o que aproxima o funk do ideal pagão medieval, retomando os rituais em que se podia alcançar o sagrado por meio da realização sexual.
Um exemplo claro está na música Pernão Sarado, do MC Márcio G:
“Pernão sarado
Barriga de tanquinho e aí
Quebra miudinho, vai quebra miudinho
é carabina dona do meu coração”(G. M.)

O fato de o homem dirigir-se à mulher diretamente mostra o carinho e o amor que tem por ela. Indo de encontro ao hediondo costume moderno de falar do corpo da mulher de forma desrespeitosa e vulgar, cultivado entre os homens de nosso tempo, G. Valoriza a mulher e sua recepção, entregando-lhe a declaração maior de afeto. A mesma preocupação pelo universo feminino se afirma em Marcinho:
“Glamourosa, rainha do funk
Poderosa, olhar de diamante
Nos envolve, nos facina, agita o salão
Balança gostoso, requebrando até o chão” (MARCINHO, MC).

Com uma lírica que é um profundo misto entre o amor trovadoresco presente nas cantigas de amor, o romantismo puro e doce que evola dos palatos de Fagundes Varela e Álvares de Azevedo e uma retomada da concepção grega de ideal da beleza e do corpo, o funk consegue fazer com que sintamos as fímbrias mais íntimas do ser. A mulher deixa de ser objeto de comentários para ser a receptora de todas as belas palavras que há para ela. Reverberando a herança da Languedócia, esses geniais autores são capazes de refletir um mundo, uma poética, uma forma de vida que ainda não está consolidada, mas se reafirma a cada vez que uma dessas canções pode ser ouvida.

4 – O advento da nova forma estilística:

A forma é uma das características que mais encantam nessa nova geração poética:
“Rap das Armas
Parapapapapapapapapa
Paparapaparapapara clack bum
Parapapapapapapapapa

Morro do Dendê é ruim de invadir
Nois, com os Alemão, vamo se diverti (Rima de verbos com mesma terminação.... Rima pobre.)
Porque no Dendê eu vo dizer como é que é

Aqui não tem mole nem pra DRE
Pra subir aqui no morro até a BOPE treme
Não tem mole pro exército civil nem pra PM
Eu dou o maior conceito para os amigos meus
Mais Morro Do Dendê Também é terra de Deus” (CIDINHO & DOCA)

Nota-se a ausência de uma prisão formal: tudo pode, tudo é permitido, tudo é lícito na nova criação. As rimas são normalmente emparelhadas, e a escanção é improvável ou impossível de ser feita sem acompanhamento musical. Impressiona aos críticos a capacidade dos funkistas de aglutinar até três sílabas em uma única sílaba poética, desafiando as leis da fonética e da moral e dos bons costumes (LEITE, Y., CALLOU, D. 1997).
São marcas patentes a preferência pelas rimas pobres, a subversão da concordância verbal, nominal, moral, pessoal e animal, a desveiculação da flexão de plural estática –s e, sobretudo, a presença de refrão, recorrente nas poesias do movimento.
Embora sejam aparentemente incompreensíveis, os refrões sempre têm algo revelatório: em Rap das armas, representa-se o som de armas inexistentes, posto que nenhuma no planeta terra faz tal barulho. Isso pode ser interpretado como um pedido por paz, um manifesto contra a violência.
Em Pirigueti, famosos filósofos e filólogos tem convergido em supor que o refrão “Piri pipiri pipiri piri piri pirigueti” tem origem indo-árabe-siamesa, e remonta à mesma idéia de paraíso que influênciou o Shangri-lá, os Campos Elíseos e, de certa forma, até mesmo a concepção do céu cristão (COUVES, Z. 2001). Em Tremendo Vacilão, da incrível Perlla, temos “Tirap Tchoron! Tirap Tchoron! Oh! Ah! Oh! Ah!”, trecho de impossível transcrição fonética, que está na lingua Guapta, idioma falado pelos habitantes de Ikehon no livro A fantástica batalha entre um e outro, de Pedro de Alcântara, que nunca chegou a ser publicado.
A repetição é usada pelo funk como lembrete e aviso: É necessário repetir muito nos dias de hoje para ser ouvido(4). A recorrência dos mesmos benditos versos várias vezes é uma espécie de catequização: O funk também tem uma função transformadora da sociedade.

5 – Um novo léxico para um novo mundo:

Uma das maiores influências do funk nos tempos modernos é o grande léxico criado e divulgado por esse estilo. Em grande número, notamos o uso dos adjetivos bolada (Antes usado para se referir a um golpe recebido com uma bola), Pirigueti, Alemão (não, não é o cara nascido na Alemanha, mas sim uma retomada à fúria contra o nazismo e a opressão, representados pela Alemanha da segunda guerra), e glamourosa, que ganha novo significado na poesia funkista. Além destes, novos palavras e novos sentidos para palavras já usadas florescem, como em Late que eu tô passando (em que, visivelmente, late não significa o som feito pelo cão) e e Guabetona, na música pirigueti (que não significa nada).
Essa riqueza permite uma multiplicidade de interpretações e de utilizações dos vocábulos. Muito mais do que o Modernismo no Brasil, o funk vem para remodelar o vocabulário nacional.

6 – Conclusão:

Ao contrário do que se pensa, o funk não é um estilo degradante que incita, puramente, os desejos sexuais. Há trechos que mostram exatamente o contrário disso, como em “Máquina de sexo, Eu transo igual a um animal”, de Chatuba de Mesquita. Obviamente, quer-se dizer que o objetivo do sexo para o ideal funkistico é unicamente a procriação e nada mais.
Esta nova escola retoma de forma extremamente concisa tudo o que já foi arte até então, e dá um rosto próprio a um estilo que será estudado, tenho certeza, como um divisor de águas na história. Ao lado dos grandes nomes como Drummond, Bandeira, Camões e outros, irão figurar eternamente grandes homens e mulheres como Tati quebra barraco e seu fogão, a Gaiola com suas popozudas, Mr. Catra com seu Red Bull e, por fim, MC Marcinho com alguma outra coisa.

(1) Pseudônimo utilizado por Waldyr Imbroisi, graduando do curso de letras pela UFJF.
(2) Lembrem-se que estou escrevendo com um pseudônimo, então, posso falar bem de mim sem ser metido.
(3) Ao contrário do que se pensa atualmente, o verbo creo não deu origem apenas ao nosso criar, mas também a créu e, possivelmente, a creolina, remédio usado para matar lombrigas até a metade do século XX.
(4) Para maiores referências, consulte Em terra de surdo ninguém me entende porra! De Ivanun Caprendí Libras.

BIBLIOGRAFIA:
Funk, etmologia e jurídica: reflexões avulsas. Débora não sei o sobrenome, 2009, ed. Bambuluá
Presente para inimigo oculto. Waldyr Imbroisi, ainda não publicado.
Introdução à fonética e fonologia. Dinah Callou e Yvone Leite. 1997.
Piparapiru, onomatopéias sagradas. Zé das Couves. 2001, ed. Ponta de Aterro.
Livro dos segredos. Manél Calvino, 2001, ed. Toba ardente
O que é funk. Pergunta feita no Yahoo! Groups, respondida por José Cabral.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Visão...

Não. Eu não sou o que pareço ser. O que você olha e vê e sabe que sou eu é uma imagem – uma interpretação. Sua visão. Umas construção que só seus olhos podem apreciar. Se mentira, se verdade, não sei. Conceitos muitos duros para mim.
Uma máquina de sorrisos e bons dias que esconde elegantemente a morbidez dolorosa que está lá dentro, onde se corrói com austeridade. Ele acredita que sempre irá suportar. Isso não se vê, se sente ou se adivinha – até porque adivinhá-lo pressuporia crer que isso existe (ou aceitar esse fato), e, inevitavelmente, estar sujeito ao insano risco de encontrar o mesmo em si.
Melhor não. Melhor continuar com a interpretação já consagrada e realidades construídas com mais condescendência. Afinal, qual “realidade” pode ser chamada assim? Qual não é uma mera – MERA – construção, simplesmente revestida pelos olhos de quem quer ver? Aquele mendigo... Um vagabundo ou um trabalhador maltratado pelo destino? Como você sabe? Porque você respondeu isso? Conhece sua vida, escutou a opinião de alguém ou está embasado de um ideal religioso? Sabe como é viver daquele jeito? Seu pai te estuprava ou sua mãe te batia?
Deus existe? Como sabes? Alguém te contou. A religião te mostrou. O Espírito Santo te tocou. Será que isso não aconteceu porque no nosso universo de construções, essa era uma “realidade possível”? Não acontece porque parece possível, porque há material que torne isso plausível? Quem te criou, e como foi??? Não faz sentido sem Deus porque ninguém te mostrou como seria sem ele. Você não leu Nietzsche ou Sartre ou Freud para ver como “o homem é” – e nem eu. Mas eu sei que eles estão lá. Existem. E o homem que hoje fala de Deus com toda a pureza pode ser um coitado envolvido por uma profundamente arraigada mentira social, inconsciente, vítima de complexas redes da própria cabeça malcuidada que descarregam-lhe loucuras na biologia do corpo. Êxtase religioso em endorfina. Ou pode ser alguém que se entregou verdadeiramente a Deus, abençoado semeador de luz, que encontrou onde se apóia o verdadeiro sentido da vida e está em busca de fazer nascer, em si e nos outros, a verdadeira felicidade. Que olhos estão vendo agora?... Mas, se você olhar, sempre, de um único modo, se nunca tentou encarar as pupilas opostas, ou não conheceu ou viveu suficiente para ver o outro lado, não se vê nada. Alguém(s) vê por você.
Talvez o homem seja realmente produto do meio até admitir que o é. Então passa a buscar liberdade. Daí para frente ainda não sei como é...
Mas eu não sou o que você acha que enxerga. O lado de fora é sempre paisagem de filme, a dar margens a lindas interpretações. O outro lado escreve, e talvez por isso seja de verdade. Enquanto primeiro vai se perdendo na incontável vastidão dos dias, e segundo se eterniza, com gosto de fome na boca.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Sem título...

A noite mansa e agradável deixava o calçadão com a rara beleza de um verão fresco. No ar, o cheiro de pós-chuva fazia bem a quem sabia senti-lo. A velocidade tresloucada com que as centenas de transeuntes cruzavam aquele pedaço da cidade todos os dias os impedia de, hoje, perceberem dois vultos caminhando entre eles em busca de algo mais que comida ou dinheiro, talvez atenção.
- Nos somos dois irmãos que viemos andando do Rio até aqui, minha senhora... – Dizia um homem negro, de barba rente ao rosto e agachado no chão. Ao seu lado erguia-se um imponente cão vira-latas, eminentemente branco e com manchas marrons pelo corpo, os dois ligados apenas por uma coleira que haviam ganhado noite passada de um senhor de meia idade. Vieram sozinhos a uma cidade desconhecida, em busca de oportunidades melhores e de uma vida nova, longe de uma violência que se acostumaram a evitar de perto. Por horas a fio, pediram algo que os pudesse ajudar no sustento do corpo e os mantivessem de pé até o dia seguinte.
As suas costas se encontram à porta de uma loja quando eles se sentam para descansar. Analisando o que tinham recebido, contou dois reais e trinta e cinco centavos, um vale transporte, uma bananada, biscoitos e um sanduíche feito pela mãe de algum aluno de ensino fundamental, renunciado carinhosamente. O homem acariciou atrás das orelhas de seu companheiro e abriu primeiro o sanduíche para dividirem. O dinheiro ficaria guardado, para garantir o almoço do dia seguinte. Ingeriram rapidamente o pão e os biscoitos juntos, mas o doce o homem comeu sozinho – O cão havia tomado remédio para vermes há poucos dias, e não lhe parecia conveniente dar-lhe bananada logo depois disso.
Não estavam satisfeitos, mas o alimento que ganharam fora suficiente para enganar o estômago até o dia seguinte. Amanhã, outra luta começaria. Deitaram-se lado a lado, sem saber o horário em que a loja abriria – o que podia lhes possibilitar problemas pela manhã. Abraçados, homem e cão adormeceram, guardando um exemplo de carinho que, aos outros, dava asco de ver.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

SNOWBOAAARD! Y OTRAS COSITAS MAS

Jackson Hole, Elk Country inn – casa de amigas peruanas, escrevendo no computador alheio enq uanto todos dormem ou tentam dormir.

Boa noite, minha gente querida que em breve eu vou ver de novo =)!!! Bem, esse post seria para contar como foi meu primeiro dia de snowboard, mas antes preciso colocar aquí algumas coisas dignas de nota que esqueci de por no post pasado…
(Se alguma coisa estiver escrita de forma esquisita, por favor, relevem, pois este Word esta corrigindo as palavras para espanhol e nao tem acento nesse notebook… Bem, todos vamos sobreviver a isso)
Primeiramente, raspei a cabeca. Isso ae. Meu cabelo estaba ficando insuportavel, e Tininha me pediu para corta-lo antes de eu voltar… bem, um corte de cabelo aquí custa 20 DOLARES NO MINIMO, normalmente 25… entao, peguei a maquininha do Pedro e fui sozinho pro banheiro, sem avisar ninguem para que nao me desencorajassem. Bem, a maquina tinha seis tamanhos, mas estaba meio frouxa… o animal comecou no seis, e de repente a maquina me desce pro 4. Ok, ta bom…. Estaría otimo se alguns segundos depois nao descesse pro 3!!! )Ok, ok, muita calma nessa hora… Tudo vai dar certo. E so o burro do Waldyr nao fazer um camino tenebroso na parte esquerda do cranio com o numero 2!!!
Desisti. Era noite, e passei o dia seguinte de toca. Mais feio que vira-lata atropelado… Depois o Pedro acertou ele para mim – entao, sou um careca de maquina 2.
Ok, mais uma novidade: pintou um mexicano la em casa junto com o seyfur, o peruano. O coitado estaba louco para voltar pro mexico, mas sempre que ir pegar o onibus, o bendito nao passava... e ele nao falava uma palabra de ingles! Sente so o itinerario do caboclo? Jackson – idaho – Salt Lake City – Denver – Cochabamba – um lugar que esqueci – cidade do mexico!!! Tudo por terra, porque o infeliz nem tinha passaporte… Quando ele me contou isso, tadinho, a gente ligou para empresa de onibus e descobriu que ele tinha que ligar e “reservar” o lugar, porque se ninguem reservasse, o onibus nem saia. Como que ele ia fazer isso sem falar nem “can you tell me…?”. Pois bem. O maluco foi-se no onibus de 3 horas daquele dia. Se Deus quiser, daqui a pouco tah no mexico com a familia =).
Comprei um mp3 (acho que jah contei isso)modelo fucked and simple, recarregavel. Infinitamente satisfatorio – trabalho parte do dia ouvindo música! Limpar banheiros ao som de Rappa e emocionante, uHAUhauHAUHuah.
Fui, pela primeira vez, na festa latina que acontece todas as tercas feiras aqui… eu era um dos muito poucos que jamais tinha ido. Gostei muito! Nao sabia dancar nada e fiquei balancando igual idiota… ri bastante, me divertí. Fica um trechinho de uma música aquí: “Por que yo no quiero trabajar / no quiero ir a estudiar / no quiero me casar / quiero tocar una guitara todo el dia / y que la gente se enamore de mi voz”. Bem, eu devia ter 21 anos para entrar, mas nada que duas copias de um passaporte com um setezinho colado estratégicamente nao possam fazer =)
A mina amiga americana (Whitney) me ensinou a fazer cookies! Caraca, QUE DELICIA ESSE COOKIE QUE ELA FEZ! Eu lembro e me da agua na boca… Um dia ensino para voces, ta? Hehehehe.
Vamos ao snowboard entao, uai? Para quem nao sabe o que eh isso, faz o seguinte: Imagina um morro. Agora, cobre ele de neve, Poe o Waldyr no alto dele com uma prancha presa – bem presa – no pes e solta ele morro abaixo. Isso e snowboard.
Fui com o Valentin, o front desk atenddant romeno do nosso hotel, dois brasileiros que vieram aquí so para esquiar e alguns que trabalham no mercado aquí do lado. Esses últimos me deram uma super aula inicial que me ajudou muito! Quando eu estaba subindo pelo lift, sentadinho, com o snowboard preso num pe so, estaba uma pilha. Queria fazer logo!!! Descendo do lift, obviamente cai (cai nas 4 ou 5 primeiras vezes…). E ent’ao iniciou-se uma serie de belas quedas…
Vei, no inicio achei que eu nao ia aguentar… eu estaba forcando muito o joelho, e fiquei com medo de estoura-lo. Desci a primeira vez mais caindo que tudo… os brasileiros me ensinando, o Rodolfo quase uma mae =). A segunda comecou a melhorar, a assim foi ate que aprendi a ir descendo de um jeito e freiar, descendo de um jeito e freiar. Tenho que aprender a descer fazendo curvinha, e pretendo faze-lo esta terca.
Um comentario: E MUITO BOM FAZER SNOW BOOOOARD! Perfeito! Descer livre, sentindo o vento gelado no rosto, mudando o peso do corpo pra fazer curvas, pequenos detalhes decidindo se voce vai cair ou ficar em pe… Delicioso. Cai infinitamente, mas isso e muito normal. Arrebentei as coxas, os bracos e o lado direito do abdomen – sem falar n abunda, que doia mais que tudo. Hojea inda doi um pouco, mas nem e grandes coisas!
Eu cai de peito, de costas, rolando… capotei, quase atropelei cidadaos americanos, tentei cair rolando (igual no kung fu) uma das primeiras vezes e percebi que com uma prancha enorme no meu pe isso e impossivel. Mas perfeito… Nao consigo parar de querer mais. Farei de novo terca e quinta.
O melhor foi: meu trabalho me da o passe de graca, o passe de onibus pedi emprestado, improvisei o casaco, a prancha de snow o Alexis (peruano) me emprestou, pequei luvas e calcas emprestados tambem, o Valentin pagou meu almoco para mim… so tive quealugar as botas =). Da próxima vez, vai ser no mesmo esquema, mas eu vou comer o paozinho que eu vou levar.
Comecamos as 9 e meia mais ou menos e paramos 4 e quinze – so porque fechou tambem. Por nos, ficariamos o dia todo… Ainda que querbrado, parecía que nao podíamos deixar de querer mais (ta certo que teve uma vez que eu comecei a descer e pensei: nao vou tentar fazer gracinha nenhuma agora, porque mina bunda napo aguenta mais ficar caindo… mas acabou que eu continuei a tentar fazendo e acabei com meu cóccix.)
No final, tomamos um chocolate quente e voltamos… Fiquei contente, o pa! No onibus, sentía o remelexo da prancha… sentí a bota nas pernas ate umas 10 da noite. Quero ir de novo…
Isso e delicioso. Meio que nao tem como explicar… talvez ande de skate ou surfe sinta algo parecido, mas olhar a montanha na sua frente, ver a pista cercada de arvores, descer sentindo o ar congelante de um país a menos de zero… Isso e perfeito…
Enfim, deixa eu parar antes que a Carol reclame que eu posto coisas muito grandes de novo UAHUhauHAUhauAH (PIOR QUE E VERDADE!).
Eu AMO voces! Saudades tao grandes…
Em breve, bem em breve nos vemos!
Fiquem com Deus, e ate logo!
Grande beijo!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA DO POBRE J1 TRABALHADOR DE JACKSON

- COMO PAGAR O MÍNIMO POSSÍVEL...
Bem, meus amigos, este é um manual para aqueles que, quebrados como eu, precisam sobreviver na selvagem Jackson Hole – Wyoming, USA. Aqui vão dicas importantíssimas:

COMIDA:
Comida é algo de absoluta importância... por isso, prestem muita atenção:
CAFÉ DA MANHÃ – A HORA MAIS IMPORTANTE DO DIA: Se você não vive no The Point, hotel, nem em nenhum lugar que tenha café da manhã, você precisa dar um jeito de conseguí-lo. Isso significa: Apareça antes das 9 e meia da manhã e coma como se você morasse no lugar. Se você conhece hóspedes, descubra o horário em que tomam café e acompanhe-os. Satisfação garantida, ou seu dinheiro de volta =). DICA IMPORTANTE: Compre 2 potes por 1 dólar no Dolar Tree, e encha de donuts, muffins, pão, requeijão e manteiga. Isso pode te garantir seu almoço, seu jantar, seu lanchinho... DICA IMPORTANTE 2: Se você tiver os esquemas NIN JAS, você conseguirá “apropriar-se indevidamente” de cereais, leite e suco do The point fora do horário de café. Maiores detalhes, contate 7330033 – Room 214.
ESQUEMAS DO COWBOY, ANTLER, ALPINE, ETC – Esses hotéis são “hotéis irmãos”, todos da mesma dona. Se você trabalha em um deles, pode usar as coisas do outro. Isso te permite entrar em qualquer um deles e tomar um chocolate quente, sabendo que se te perguntarem você somente precisa contar que trabalha no outro =). DICA QUENTE: No hotel Cowboy Village tem cookies grandes e deliciosos, maçãs, chocolate quente, suco de maçã e de uva, e quando a sorte bate, até mesmo bananas. Esse é o melhor pra ir comer.
ESQUEMA DO PÃO DO ALBERTSONS: Se você tem amigos no Albertsons, supermercado, peça a eles que te guardem cupons de pães grátis. Às vezes alguns cupons saem sorteados, mas os fregueses NUNCA levam os cupons, e fica pra galera. Na teoria, você deve ligar pra um número qualquer e ativar seu cupom, mas na prática simplesmente coloque 5 números aleatórios no cupom e aproveite um enorme pão francês =).
ESQUEMAS DAS “PROVADINHAS”: No Smiths e no Albertsons, você pode provar algumas “especiarias” sem pagar. Claro que é só um pouquinho, mas um amendoinzin ou uva passa caem bem às vezes.
ESQUEMA DO TETON VILLAGE – TERRA: Para almoçar de graça no hotel terra, basta que você seja cara de pau. Chegue em Teton (mais detalhes de como ir sem pagar à teton nos próximos capítulos), e vá para o hotel Terra. Entre pela porta dos empregados e desça as escadas. Aproveite e almoce. Não fale com ninguém. Não faça isso mais de 3 vezes na semana.
ESQUEMA DO REFRIGERANTE REFILL: Se você não agüenta mais comer as coisas supracitadas e vai a um fast food com um amigo, nunca compre mais de um refrigerante. Ele pode ser reenchido infinitamente sem precisar pagar mais... Ou seja, quantas quiserem bebem em um único copo (mas seja discreto ao fazer isso...)
ESQUEMA DA IGREJA EPISCOPAL: Não apele. Só use esse esquema se o negócio tiver feio mesmo. A Igreja episcopal dá comida por três vezes a qualquer pessoa, desde que mostre o passaporte. É comida boa, gostosa, mas só se pode ir lá três vezes...
Com isso, pode-se comer a vida toda sem pagar. Mas, se seu estômago pede algo mais, seguem algumas sugestões:
MIOJO: Compre seis por 1 dólar. O de frango é o melhor, o de camarão é péssimo...
HOT POCKET: Pequenos “sanduichezinhos” que você faz no microondas. São baratinhos e valem à pena.
CHOCOLATE: Compre no Smiths, sem dúvida, as barras enormes da Hershey por 1 dólar.
ESQUEMA DOS AMIGOS: Um amigo que trabalha onde vende-se comida sempre vai ter comida pra você... =).
OUTROS DETALHES IMPORTANTES (PERCEBAM QUE A COMIDA É MAIS DA METADE DO TEXTO...)
HOT TUBE: Você pode entrar em qualquer lugar, especialmente o The point, e usar a hot tube “de grátis”... vale a pena!!!
ACADEMIA: Aproveita a academia do COWBOY VILLAGE! Use o mesmo esquema para entrar, responda a mesma coisa se for perguntado.
NÃO PAGUE PELO ÔNIBUS PARA TETON: Peça a qualquer amigo que trabalhe em Teton Village seu passe de ônibus no dia em que ele estiver de folga. Essa técnica deve ser usada em COMBO com a do almoço em Teton de graça.
INTERNET: Quase qualquer hotel daqui tem wireless, e um computador para os clientes. Levando em consideração que ninguém sabe quem são os clientes, a internet fica infinitamente liberada.
LAVAR A ROUPA: Descubra um amigo que trabalhe em um hotel e tenha lavagem de graça, ou alguém que more em uma casa. =)
PASSE PARA FAZER SNOW: Se você tem algum amigo que trabalha em algum ligar que libera passes para esquiar/fazer snowboard, você pode pedir que descole pra você. CUIDADO! Esse esquema nunca foi tentado, porque eles pedem o nome às vezes para ativar o cartão. Pense bem antes de fazê-lo!!
ROUPAS: Tem dois brechós aqui que vendem roupas MUITO baratas! Calças a 3 dólares, casacos, a 5, 10... Camisas então, são quase de graça!

Bem, pessoal, acho que é isso. Qualquer dúvida de como conseguir algo pagando o mínimo possível, eu saberei responder, ehehhehehehe .

PRÓXIMO POST! Vou contar como foi o primeiro dia de SNOWBOARD do Waldyr! ahuUHAUhauHAUhuah
FODAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Beju grande!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

vale...

Mi corazon calato
no se puede ser leido
por nadie...

Pero por mi.

Me quedo ciego
querendo ser sordo y
fingindo ser burro,
Porque ser burro es mejor que ser yo.

Deseos me palancan - me quiero atar
... No, no me quiero.
Tengo miedo de vivir otra vida.
Pero ya... muy tarde para mi.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Uma mais!

Buraco do Jackson (Jackson Hole), 16 de fevereiro de 2009. The point Inn, Rosita’s living room. (chama assim porque uma menina chamada Rosita nos disse: “ese és mi living room!”

Caramba, quantas novidades...
Saudades supremas de todos, e muita coisa pra contar. Vou tentar começar devagarinho! Resumo dos empregos: No Taco Bell, contrataram uns americanos e estou trabalhando pouco de novo, heheheh... No Antler, as coisas vão infinitamente bem.Descobri que a dona, que é um docinho, tem 78 anos e trabalha naquele hotel há 50... Meu Deus! Hehehehe... As coisas vão bem. Deus é bom =)
Estarei chegando no meu país querido entre 8-12 de março. Não vejo a hora de chegar logo...
Enfim, às notícias! Terça feira agora fomos a IDAHO FALLS, uma cidade aqui perto pra comprar coisas. Alugamos um carro, 7 brasucas malucos e felizes. Ida ao som de los hermanos, Zeca baleiro, por aí vai... Volta ao som de Mr. Catra e biruleibi. Chegamos e fomos caçar coisas baratas pra comprar – eu, particularmente, estava com uma enorme lista de roupas que eu devia comprar pro meu irmão. Paguei a dívida em produtos em vez de dinheiro, né? (a lista é monstruosa... comprei 4 casacos, uma mochila, 5 camisas, 2 bermudas, um boné, 1 par de tênis... Ele vai ter que pagar a mala extra, uahUAHuhauHAUhauHAUhauHA.) Foi tenso achar as promoções, porque tem milhões de roupas penduradas e você tem que caçar as baratas... Pois é. Foi. Depois, fomos a um shopping ali do lado, e almoçamos em um restaurante chinês – coma o quanto puder por 7 dólares. ISSO INCLUIA SORVETE! Precisa dizer que eu me embuchei???? Nó! Fiquei sem comer até umas 10 da noite UHAUhauHAUhauHAU.
Depois, rodamos no shopping até não poder mais. Pro Waldyr, comprei um dicionário massa inglês-português e a obra completa do Shakespeare – maior que a bíblia, além de uma camisa da promoção – 7 dólares. Valeu o passeio. A vista era espetacular, ás vezes as nuvens se confundiam com a neve no horizonte e não dava pra saber onde uma começava e outra terminava... lindo. Vi cavalos incríveis!
Enfim, a volta foi o mais engraçado. Dormi ao som do pancadão (não me perguntem como!), e depois de 1:30 – 2:00 viajando (a viagem dura em torno de 2:30h), vimos (eu já estava acordado) uma plaquinha: WELCOME TO IDAHO. Meu Deus... Tínhamos voltado!!! Ninguém sabe como, mas voltamos o caminho! Que coisa maluca!!! Bem, o povo começou a desesperar-se (E eu fazendo piadinhas do tipo: “Eu ouvi falar sobre uma maldição do carro alugado...” A Glinaura (sim, esse é o nome) odiou uhAUhauHAUauh), até pararmos em uma casa, as 10:30 da noite pra pedir informação. O Pedro abriu a porta e tinha um cachorro. Tudo escuro. Cenário de filme de terror. Meninas com medo. Um gato apareceu na janela. Chamávamos, ninguém nos atendia. Havia vultos ao fundo, talvez de um cavalo, talvez de dois humanos. O medo crescia. Até que alguém gritou: “TEM UMA CARA NA ÁRVOREEE!” E realmente tinha... Uma carinha idiota, tipo dois olhinhos e um nariz, provavelmente comprados e pregados lá. Começamos a rir. Daí o homem apareceu cagando de medo (quem não estaria, com um carro estranho cheio de gente no seu quintal às 10:30 da noite) e nos indicou a direção.
No caminho, paramos em um posto de gasolina (GRAÇAS A DEUS, PORQUE EU PRECISAVA FAZER XIXI HÁ UMAS DUAS HORAS...) e eu comprei uma espécie de café gelado, num copo, o qual eu podia encher quantas vezes eu quisesse. Nem precisa dizer que eu bebi um inteiro antes de sair só pra encher de novo... Daí pra frente, quem me conhece sabe que eu fiquei um chato falando o tempo inteiro – quando tomo muito café ou quando durmo demais eu fico doidão. Cheguei até a divagar sobre “como fazer filosofia em inglês, se ‘ser’ e ‘estar’ não têm verbos próprios – são o mesmo ‘to be’ “.
Chegamos a meia noite e meia. Pedro foi pra festa, e eu fiquei tentando enfiar TUDO na mala. O café me deu forças pra ficar acordado até às 3 e meia da manhã, e me mostrou que é IMPOSSÍVEL colocar tudo na mala que tenho. Fazer o que, né.
Beleza. Esses dias - isso foi engraçado – conheci uma menina simpatissíssima. O legal é COMO eu a conheci... Estava saindo do hotel, e ela saiu pela outra porta. Desceu da calçada e caiu de joelhos. Levantou-se, olhou pra trás pra ver se tinha alguém olhando, me viu e eu dei “oi”, sendo sumariamente ignorado. CINCO PASSOS depois, a menina me estabaca de novo de bunda no chão... Fui correndo e ajudei ela a se levantar. Segue o diálogo estilo teatro, com rubricas:
MENINA: (envergonhada)O-Obrigada... ai meu Deus!
WALDYR: Tá tudo bem?
MENINA: Sim, sim... Puxa, eu estou caindo porque não estou vendo direito (faz gestos desorientados com as mãos) eu uso lentes, e perdi as minhas (nesse momento, a menina CAI DE NOVO NO CHÃO IGUAL A UM SACO DE BATATAS. Waldyr dobra-se de rir...)
Foi assim... 3 tombos em 40 segundos. Engraçado demais! Depois acabamos conversando... Gente boa demais da conta!
Hoje comprei duas calças aqui no brechó, por seis dólares e 40 as duas =). Minha mamãe me liberou uma graninha pra eu comprar uns livros, e eu comprei uma gramática, um livro de phrasal verbs, alguma coisa sobre Francisco de Assis e Harry Potter 1 em LATIM! AuhauHAUhauHAUhauhAUHuah.
AH! Raspei o cabelo... UHAUhauHAUh. Máquina 2... Nem queria tão baixo, mas eu tentei raspar eu mesmo e destruí TUDO. Daí tive que pedir pro Pedro me arrumar...
Bem, continuando: Sábado foi dia dos namorados/dia da amizade aqui. Os brasileiros fizeram uma festinha que foi muito chata... UHAUhauHAUhauh. Pois é, mais eu estava por lá. A parte boa foi o Carlo, peruano bebaraaaaaço, falando português e xingando um brasileiro porque ele não queria competir com ele que tomava vodka por mais tempo. Uma outra: Um brasileiro me viu a cabeça e disse: “queisso, falai, aidético!” e eu: “Ô BURRO! Quem raspa cabelo é quem tem câncer!!!” AuhauHAUhauHAUhauHAUHuah. Bem, há uma parte não engraçada: O Pedro tem pedras nos rins, e teve uma crise no meio da festa... Fomos pro hospital e ficamos ate depois das 4 da manha. Bem, dormi de 4:30 às 7:30 e fui trabalhar, UHAUhauHAUhauH – Graças a Deus trabalhei nos dois esse dia.
MAIS NOVIDADES: Comprei um mp3, simple and fucked, mas perfeito. Só toca música, e é só disso que eu preciso mesmo! =). Ontem saí gritando as músicas pela rua, de tão feliz que fiquei...
Última novidade, eu acho. AMANHA VOU FAZER SNOWBOARD! ESTOU ANSIOSO...

Saudades de todos..

Amo vocês!